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Número de estudantes de origem popular cresce dentro das universidades

Pesquisadoras do Projeto Conexões de Saberes, as alunas da UFRJ Júlia Rodrigues e Josiane Roberto apresentaram, nesta quinta-feira (08/10), dentro da Jornada de Iniciação Científica, Artística e Cultural promovida pela universidade, o trabalho “A Comunidade na Universidade: O Ingresso de Estudantes de Origem Popular na UFRJ”. No Auditório da Decania do CFCH (Centro de Filosofia e Ciências Humanas), elas discutiram o ingresso e a permanência de alunos oriundos de classes populares na faculdade.

O foco da pesquisa, que investigou o perfil socioeconômico e a trajetória escolar dos alunos através de entrevistas, foi os calouros de 2006. Segundo Júlia e Josiane, devido ao surgimento de pré-vestibulares comunitários e à criação de políticas alternativas ao vestibular, houve um crescimento, nos últimos anos, de alunos provenientes de classes menos favorecidas, tanto na UFRJ quanto em outras instituições.

Ainda de acordo com a pesquisa, existe um número significativo desses estudantes principalmente em cursos oferecidos também à noite – como Serviço Social, Letras e História –, o que aumenta as chances de trabalho dessas pessoas, que precisam de sustento. Entre os órgãos da UFRJ que mais possuem alunos de origem popular estão os que oferecem muitos cursos de licenciatura, como o CLA (Centro de Letras e Artes) e o CCMN (Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza). Já o CT (Centro de Tecnologia) é o que menos possui alunos desse grupo.

O próximo passo do Projeto Conexões Saberes, segundo as pesquisadoras, é concluir o documentário que já está sendo produzido sobre a trajetória desses estudantes, que possuem históricos de vida interessantes. “Queremos mostrar a determinação deles em fazer uma faculdade, obter uma formação profissional, mesmo tendo que superar todas as adversidades sociais”, afirmou Josiane, contando que muitos desses graduandos são a primeira geração de suas famílias a obterem um diploma. “A maioria precisa fazer dois vestibulares e às vezes opta por cursos menos concorridos, mas mesmo assim não desistem”, concluiu ela.

Como conclusão da pesquisa, as estudantes esperam possibilitar a construção de uma nova universidade e incentivar a formação de novos intelectuais orgânicos, vindos também das classes menos favorecidas, que representem a fusão de um saber popular e científico. “Esperamos contribuir de alguma maneira para a criação de políticas públicas que ajudem na superação das desigualdades e estabeleçam um projeto anti-hegemônico dentro da universidade”, explicou Júlia.