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Estudante de Geografia analisa muro do Santa Marta

Como a construção de um muro para conter o avanço da favela localizada no Morro Santa Marta, em Botafogo, sobre áreas verdes influencia a reorganização espacial da comunidade e como ele é visto pela sociedade é o tema de estudo da estudante Ana Brasil Machado, apresentado no Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza (CCMN), nesta terça (6/10), na Jornada de Iniciação Científica.

Historicamente, os muros foram utilizados como delimitação da civilização. “Na China, a grande muralha delimitaria o limite entre a civilização e a barbárie dos Hunos. Na Idade Média, o muro aparece como a distinção entre o espaço colonizado e a natureza. A partir dela, existe uma gradação da civilização”, afirmou Ana Brasil. No caso da delimitação da favela, o muro marca o contato nocivo entre a cidade e a natureza.

Ana salientou também que o Morro Santa Marta é alvo de várias ações do poder público. “Nós temos o projeto dos Ecolimites, capitaneado pela Empresa de Obras Públicas (Emop), o Choque de Ordem realizado pela Secretaria Especial de Ordem Pública, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e a candidatura como Paisagem Cultural, realizada pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan)”, disse.

A estudante mostrou três discursos presentes no debate do muro. “O primeiro relaciona a expansão das favelas aos prejuízos das unidades de conservação. No discurso de ordem são vistos constantemente os verbos ‘combater’, ‘legalizar’, ‘controlar’, ‘impedir’, ‘fiscalizar’, sempre ligados à ação do Estado na favela. No terceiro discurso, o muro é sempre associado à segregação social”, informou a estudante, orientada pelos professores Paulo César da Costa Gomes e Letícia Parente Ribeiro.