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Pesquisas avançam na correção de deformidades da face

Recentes pesquisas da UFRJ, em parceria com a Rush University Medical Center, de Chicago, na área de ortodontia, cirurgia bucomaxilofacial e plástica prometem trazer avanços na correção de deformidades faciais. O estudo originou-se da tese de doutorado de Eduardo Franzotti Sant`Anna, professor-adjunto do Departamento de Ortodontia da Faculdade de Odontologia (FO) da UFRJ, concluída em 2004.

Desde então a pesquisa “Distração Osteogênica – Avaliação de efeito do alongamento mandibular por distração osteogênica sobre as articulações temporomandibulares” vem sendo desenvolvida e melhorada. Primeiro através de uma tese de doutorado orientada por Franzotti, concluída no início deste ano, e também em estudo que se encontra em fase inicial.

O começo

“Iniciamos as pesquisas em Distração Osteogênica em 2003 como parte do meu doutorado no Departamento de Anatomia e Biologia Celular do Rush University Medical Center e no Rush Craniofacial Center”, conta o professor. No Departamento de Anatomia, foi desenvolvido um modelo experimental de distração mandibular em cães. Foi estudada também a expressão genética do efeito da utilização do ultrassom de baixa potência e do BMP-2 (Proteína Óssea Morfogenética 2) em células ósseas de ratos.

De acordo com Eduardo, a pesquisa foi executada por ele e pelas professoras Ana Maria Bolognese e Mônica Tirre de Souza Araújo, também do Departamento de Ortodontia da FO, em associação com o Departamento de Anatomia e Biologia Celular do doutor Rick Sumner, do Rush Craniofacial Center, e dos doutores John Polley e Alvaro Figueroa, do Rush University Medical Center, em Chicago.

Todos os trabalhos experimentais foram publicados no Journal of Orthopaedics Research e no Journal of Craniofacial Surgery. Há ainda uma pesquisa clínica que será publicada no The Cleft Palate Craniofacial-Journal em 2009.

A técnica

“A distração osteogênica (DO) é uma técnica cirúrgica de geração de osso e osteossíntese provocada pelo estiramento gradual de segmentos ósseos após osteotomia (secção cirúrgica de um osso), utilizando-se um aparelho ortopédico”, explica o professor Eduardo, que é também coordenador da disciplina de Ortodontia do curso de graduação da FO.

Popularizada na metade do século XX, pelo médico russo Gavriil A. Ilizarov, a técnica foi sendo aceita como tratamento para a correção de discrepâncias de comprimento, deformidades esqueléticas e defeitos ósseos severos das pernas, através de aparelhos distratores externos. Segundo Franzotti, somente nos anos 90 é que ela foi introduzida para o tratamento de deformidades do crânio e da face.

Resultados

“Em nossas pesquisas experimentais observamos o efeito da distração nas articulações temporomandibulares (ATMS – articulação da mandíbula com o resto do crânio) de cães após o alongamento ósseo bilateral da mandíbula por distração osteogênica. Pudemos verificar uma mudança estrutural, com certa perda óssea, do osso que constitui os côndilos (cabeça da mandíbula) das ATMs, através de microtomografia computadorizada e estudo histológico”, analisa Eduardo.

Segundo ele, os resultados dos estudos experimentais e clínicos permitiram um conhecimento melhor dos efeitos deletérios da distração osteogênica nas ATMs, da indicação precisa da técnica para o alongamento de mandíbulas e correções de deformidades do crânio e da face.

“Os aparelhos ortopédicos (distratores) utilizados para alongar os ossos defeituosos da face são volumosos e desconfortáveis para o paciente. Além disso, devem ser mantidos fixos por vários meses até que haja regeneração e consolidação óssea. No momento estamos testando, através de experimento, meios de acelerar essa regeneração óssea com ultrassom de baixa potência e BMP-2 (Proteína Óssea Morfogenética – 2) para a remoção dos distratores mais rapidamente”, conclui o professor.