Para lembrar o centenário de morte do escritor e jornalista Euclides da Cunha, o Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ realizou na sexta-feira, dia 14, a mesa-redonda “Um século sem Euclides”. Estiveram presentes Aloisio Teixeira, reitor da UFRJ, Joel Rufino dos Santos, professor aposentado de História e Literatura da UFRJ, Vera Malaguti Batista, professora e diretora do Instituto Carioca de Criminologia, e José Celso Martinez Corrêa, um dos mais importantes nomes do teatro brasileiro e diretor do espetáculo "Os Sertões", baseado na obra-prima de Euclides da Cunha.
Os participantes discutiram a importância da obra do escritor para a construção da história literária e social do Brasil. “Para termos noção de sua importância, basta lembrarmos que `Os Sertões` foi eleita em 1994 a obra mais representativa do país pela `Revista Veja` e por diversos pesquisadores”, lembrou o reitor, reconhecendo a admiração pelo trabalho de Euclides da Cunha.
Segundo Joel Rufino, o escritor colocou o Brasil diante do espelho com "Os Sertões". Enviado à região pelo jornal O Estado de S. Paulo, Euclides faz uma análise crítica do conflito e do Brasil. Para o autor, o sertanejo era “a rocha viva da humanidade”. O palestrante defende que "Os Sertões" não é apenas uma obra literária, mas um relato histórico e jornalístico. “Ele escreveu sobre o conflito em Canudos e um personagem real do nosso país, Antônio Conselheiro”, afirmou o professor.
Para o dramaturgo Zé Celso Martinez, o grande problema é que as análises feitas ainda hoje sobre Euclides partem de uma visão muito positivista. “Precisamos ter em mente que Euclides é um homem que presenciou um momento de transformação no sertão brasileiro, mas que também foi transformado por essa experiência. `Os Sertões` é uma obra escrita com a contribuição de várias pessoas e que foi capaz de ser sensível aos acontecimentos”, analisou.