Diante de pesquisas da Organização Mundial de Saúde (OMS) que mostram que as crianças são cada vez mais afetadas por doenças psicológicas, alunos e médicos da UFRJ puderam assistir a uma explicação sobre a importância do cuidado com a saúde mental das crianças, fornecida pela psiquiatra da infância e da adolescência Gabriela Crenzel, na quinta-feira (6/8), no Anfiteatro Nobre do Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (IPPMG/UFRJ).
A psiquiatra abriu a palestra abordando o atual panorama da Psicologia, relacionado ao âmbito infantil. Saúde mental, as contribuições da psicanálise por meio de Freud e a infância foram alguns dos temas apresentados. Destacou-se também a invasão da psicofarmacoterapia para confirmar a tendência à medicalização da sociedade, que tenta resolver os problemas emocionais por meio de antidepressivos, ato realizado constantemente por psicólogos hoje em dia.
Segundo Gabriela Crenzel, um bom preparo, para que seja feito o diagnóstico e o tratamento corretos, ajuda muito as crianças e as famílias delas. “Além disso, é importante saber que, no mundo de hoje, tem que ser considerada uma categoria diferenciada, a partir da dependência com os adultos, que vão influenciar e ajudar a fazer com que a criança encontre seu lugar no mundo”, explica Gabriela.
As crianças que sofrem distúrbios psicológicos, principalmente as mais novas, muitas vezes vão apresentar sintomas não-verbais, e esses não necessariamente representam um diagnóstico psiquiátrico. Há uma complexidade maior em que se faz necessário pensar a que combinação de fatores individuais e ambientais essa criança está sujeita. “Os filhos nunca conseguem ser exatamente iguais àquilo que os pais querem, mas isso não pode alterar a relação entre pais e filhos, pois as crianças precisam manter laços afetivos que possibilitem prever suas experiências de sentido e incluí-las em uma história que lhes pertence”, relata a psicóloga.
Os transtornos que acontecem na infância podem se estender até a vida adulta, relatou a psiquiatra, que também falou sobre transtornos globais do desenvolvimento, como o autismo — presente em 15 de cada 10 mil pessoas — e transtornos de ansiedade e bipolaridade.
Para ela, os transtornos depressivos devem ter um cuidado especial. Ao se confirmar a suspeita, deve-se prestar atenção à continuidade de sintomas, como culpa inapropriada por algum fato que ocorreu com a criança, prejuízo no funcionamento da vida social e escolar, episódios de mania e constantes perguntas sobre a morte, por exemplo.
Segundo Gabriela Crenzel, quando diagnosticado o transtorno e tomadas todas as precauções e feitas as análises necessárias, o tratamento receitado deve aliviar a criança da necessidade de enviar sinais de socorro, e não apenas tirar a dor por instantes através de medicamentos.