Mesa redonda analisa os 60 anos da Comissão Econômica para América Latina e Caribe. ">Mesa redonda analisa os 60 anos da Comissão Econômica para América Latina e Caribe. ">
Categorias
Memória

Economista relembra a história da Cepal em Congresso de Sociologia

Mesa redonda analisa os 60 anos da Comissão Econômica para América Latina e Caribe.

Analisar a história da Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal) foi o principal objetivo da mesa-redonda “60 anos da Cepal e o Manifesto dos Periféricos: revisitando o desenvolvimentismo”, que ocorreu na quarta-feira (29/07) no Salão Dourado do Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ. O encontro fez parte da programação do XIV Congresso Brasileiro de Sociologia, que termina nesta sexta, dia 31, no campus da Praia Vermelha.

Para relembrar os 60 anos de atividades da organização que reuniu grandes nomes do pensamento desenvolvimentista, estiveram presentes Ricardo Bielschowsky, economista da Cepal e professor da UFRJ, e os sociólogos Vera Alves Cepêda, da Universidade Federal de São Carlos, e Milton Lahuerta, da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho.  

Para Bielschowsky, a trajetória da Cepal foi marcada por continuidades e mudanças. “A análise da economia que é feita pela Cepal permanece em três níveis: interseção internacional, condicionamento estrutural do crescimento e ação estatal.”. O professor da UFRJ pontuou as principais características econômicas de cada década, dividindo-as em etapas de estruturação: nos anos 50, a industrialização; nos anos 60, reformas; nos anos 70, estilos (endividamento x expansão); nos anos 80, superação econômica; e nos anos 90, transformação da produção. O período de 1998 a 2008, assinalou Bielschowsky, foi a fase de amadurecimento e refinamento.

A etapa estruturalista, que marcou a década de 50, foi analisada com mais atenção por Bielschowsky por ser a fase inaugural da Cepal. Ele explicou que, nesse momento, o que guiava a organização era o contraste entre a economia latina e a dos países centrais. Segundo ele, a comparação ressaltava características do subdesenvolvimento, tais como baixa diversidade produtiva, pouca especialização em bens primários, heterogeneidade produtiva, quadro institucional ineficiente e oferta ilimitada de mão-de-obra, com rendimentos próximos à subsistência. 

“O neoestruturalismo atual se assemelha em alguns pontos ao estruturalismo. A heterogeneidade produtiva era apontada em 1950. Hoje se diz que a baixa produtividade restringe o crescimento. O quadro institucional continua sendo visto como ineficiente”, comparou. 

Vera Cepêda, coordenadora da mesa, lembrou que os alunos de Ciências Sociais ainda hoje são influenciados por pessoas oriundas da Cepal, o que demonstra a importância da entidade. “Somos todos ‘cepaleiros’. Toda essa geração foi formada com os conceitos da Cepal”, concluiu Vera.

Leia também a matéria sobre a palestra "A crise financeira e os seus impactos na sociologia" .