Satélite natural da Terra, a Lua sempre foi motivo de debate e curiosidade. Na década de 60, era o objetivo principal na corrida espacial entre Estados Unidos e União Soviética no período da Guerra Fria. O ano de 2009 marca os 40 anos da chegada do astronauta americano Neil Armstrong ao solo lunar. Para comemorar a data, a Casa da Ciência da UFRJ realizou na segunda-feira, dia 27, o curso livre “Uma conversa lunática”. O evento atraiu a atenção de professores da educação básica e do público em geral.
Para o pesquisador Jorge Kfuri, um dos palestrantes do curso, é preciso levar em consideração não apenas os motivos científicos que impulsionaram o feito de Armstrong, mas principalmente os políticos. “A conquista espacial representava a válvula de escape de sociedades com tantos problemas. Era, sobretudo, motivo de orgulho. A grande questão é que os russos destinaram grande parte de sua renda total a investimentos espaciais e começavam a ameaçar a soberania dos americanos.”
Pioneirismo soviético
François Cuisinier, pesquisador do Observatório do Valongo, afirma que os russos, até a chegada do homem à Lua, sempre estiveram à frente dos Estados Unidos. Foram eles que lançaram o primeiro satélite artificial, o Sputinik, e a primeira sonda espacial não tripulada. A União Soviética teve também o mérito de enviar pela primeira vez um homem ao espaço.
Segundo Cuisinier, a perda dessa liderança para os Estados Unidos se relaciona com a morte do organizador do projeto soviético, Korolev. O pesquisador assinala que os engenheiros russos ligados ao programa não tinham liderança suficiente para tomar decisões. Além disso, o então presidente americano John Kennedy disponibilizou maior volume de dinheiro para completar o seu projeto com o ideal de que os Estados Unidos haviam “conquistado o espaço e o mundo”.
“No fim, a organização da potência capitalista venceu a dedicação do país socialista. O problema é que hoje muitos se esquecem do legado espacial que a União Soviética deixou. É de criação deles a Soyuz, única nave capaz de levar tripulação até a Estação Espacial Internacional”, afirma Cuisinier.