Pesquisa coordenada por Claudio Cerqueira Lopes (foto), do Laboratório de Síntese e Análise de Produtos Estratégicos (Lasape) do Instituto de Química/UFRJ, pode ajudar a polícia na investigação de crimes.
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Memória

Inteligência no combate à violência

Pesquisa coordenada por Claudio Cerqueira Lopes (foto), do Laboratório de Síntese e Análise de Produtos Estratégicos (Lasape) do Instituto de Química/UFRJ, pode ajudar a polícia na investigação de crimes.

 Mais do que divulgar as aplicações do componente químico luminol,  o encontro CSI in Rio procurou mostrar a importância da ciência para contribuir na solução de problemas que afligem a sociedade, como a segurança pública. “É a resposta da universidade às grandes demandas que temos no nosso país”, disse o vice-decano do Centro de Ciências da Matemática e da Natureza, João Graciano, como representante da Pró-reitoria de Pós-graduação e Pesquisa da UFRJ na abertura do evento ocorrido na sexta-feira (26/6), no Roxinho.

Segundo Graciano, a UFRJ não é só ensino, mas também pesquisa e extensão. “O evento mostra à população e ao estado o quanto a universidade pode contribuir nas soluções para o Brasil”, afirmou. Para o professor Claudio Cerqueira Lopes, coordenador do Laboratório de Síntese e Análise de Produtos Estratégicos (Lasape), do Instituto de Química/UFRJ, que desenvolveu o luminol, promover interação entre a universidade e a Secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro foi o grande objetivo do encontro.

Claudio Lopes quer viabilizar a criação de uma pós-graduação profissional em ciências forenses na UFRJ. “Além de divulgar o que está sendo feito, queremos que outros institutos de pesquisa da UFRJ tenham a oportunidade de contribuir para a segurança pública, e não só na minha área”, declarou o coordenador do Lasape. Segundo ele, o luminol aponta apenas um dos caminhos: “Não podemos ser pretensiosos de achar que temos todas as respostas. Mas o caminho sempre é o conhecimento.”

Aliado para desvendar crimes

Mas o destaque do evento, sem dúvida, foi o componente químico desenvolvido na UFRJ para detectar sangue imperceptível à visão humana.  O diretor de Departamento de Polícia Técnica e Científica da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro (DPTC-PCERJ), Marcos Neves, destacou a importância do produto como ferramenta, “fundamentalmente na investigação de crimes contra a vida, gerando a prova técnica necessária para que o Ministério Público consiga oferecer uma denúncia consistente ao processo penal, para que ele possa resultar em uma sentença penal condenatória”.

Em diversas oportunidades o emprego do luminol ajudou a levar à prisão criminosos no Rio de Janeiro. O delegado Marcos Neves relembrou, por exemplo, um dos casos em que atuou diretamente, quando o produto permitiu identificar os responsáveis pela execução de oito pessoas em Vigário Geral. “Traficantes da favela de Parada de Lucas sequestraram, torturaram e mataram oito moradores de Vigário Geral. Depois, desfizeram o local do crime com lavagens. Com o uso do luminol, foi possível identificar o sangue das vítimas e com as provas geradas os assassinos foram presos”, contou.

Outros casos apresentados no encontro foram o do diretor de uma multinacional do petróleo e da mulher dele (Casal Staheli), mortos em 2004 por um dos caseiros do condomínio em que viviam na Barra da Tijuca, e da chacina de 30 pessoas em Nova Iguaçu e Queimados, na Baixada Fluminense, que resultou na prisão de seis ex-policiais militares.

Para o médico-perito Roger Anciolloti, que exibiu os dois casos, uma das principais virtudes do luminol produzido na UFRJ é revelar o sangue mesmo após tentativas de lavagens com alvejantes como água sanitária e manter a integridade da cadeia de DNA, que estabelecem um elo entre vítimas e criminosos.

Apoio às pesquisas na área de segurança

Representando a Secretaria Estadual de Ciência e Tecnologia, Nelson Furtado, coordenador do programa de Biodiesel, destacou a relevância que o governo do Estado do Rio de Janeiro tem dado para o desenvolvimento de pesquisas e geração de conhecimento na área de segurança pública. “O secretário Alexandre Cardoso não tem medido esforços para colaborar, por meio da Faperj, com apoio a pesquisas que possam auxiliar no tema, colaborando com a academia, sem restrições. Politicamente, damos preferência às questões de segurança pública. Toda e qualquer pesquisa no âmbito da química, física, metalurgia, qualquer área, mas voltada para a questão de segurança pública, terá prioridade para financiamento de pesquisa no Estado do Rio de Janeiro”, informou.

As aplicações do luminol, no entanto, não se restringem à segurança pública. O produto pode ser empregado na medicina, em processo de detecção de sangue para higienização de ambientes e equipamentos hospitalares ou para descobrir câncer gastroenterológico, a partir de exames preventivos de sangue oculto nas fezes. “Serão diversas aplicações sociais importantes, inclusive na aviação, ajudando a descobrir locais de acidentes aéreos pela luminescência”, disse o empresário Richard Kessedjian, que apostou na produção em larga escala do luminol e vê que o Rio de Janeiro, que tanto sofreu nos últimos anos com a evasão de empresas, passou a deter uma tecnologia de ponta com um produto reconhecidamente melhor do que similares no exterior.