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Protógenes Queiroz aborda atuação da imprensa na Operação Satiagraha

 O delegado da Polícia Federal Protógenes Queiroz, afastado das investigações da Operação Satiagraha, participou na noite de ontem, dia 4, de uma palestra sobre a relação entre sigilo policial e liberdade de imprensa no salão Pedro Calmon do Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ, no campus da Praia Vermelha. Voltado para alunos da disciplina Comunicação e Realidade Brasileira da Escola de Comunicação (ECO/UFRJ), o evento atraiu a atenção de jornalistas e do público em geral.

Protógenes aproveitou o tema para comentar detalhes da Operação Satiagraha, que apura supostos crimes financeiros atribuídos ao banqueiro Daniel Dantas, do grupo Opportunity. Durante a primeira fase da operação, Protógenes também investigou as participações do ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta e do empresário Naji Nahas, acusados de desvio de verbas públicas. Ele reiterou as denúncias contra Dantas, que teria sido beneficiado irregularmente com recursos dos fundos de pensão durante o processo de privatizações de empresas estatais na década de 90.

De acordo com Protógenes, a origem da corrupção se relaciona com a questão do público e privado.“Há um desequilíbrio entre o público e o privado no Brasil, abrindo caminho para os desmandos, os desvios e a corrupção.” 

O delegado também fez duras críticas à atuação de alguns órgãos da grande imprensa. “Antes de enxergar a notícia, a imprensa deve enxergar o peso da informação e a consequência dessa divulgação para a sociedade e o país”, afirmou ele, dirigindo-se aos futuros jornalistas.

De investigador a investigado

Protógenes foi denunciado pelo Ministério Público Federal por supostas irregularidades na condução das investigações da Operação Satiagraha. Segundo a denúncia, aceita pelo juiz Ali Mazloum, da 7ª Vara Federal de São Paulo, o delegado cometeu crimes de violação de sigilo funcional – ao vazar informações para uma emissora de TV com objetivo de flagrar uma tentativa de suborno por parte de assessores de Dantas – e fraude processual por editar o vídeo excluindo as imagens dos jornalistas.

– Estão me acusando como se eu tivesse avisado antes aos jornalistas. Não posso impedir o trabalho da imprensa. Ela tem o dever de informar. O mesmo não acontece quando bandidos são presos em comunidades pobres do Rio de Janeiro. Por que devem ser editadas normas apenas para os ricos e poderosos? – questionou ele, negando também as acusações de ter manipulado as imagens da tentativa de suborno feita aos agentes da Polícia Federal pelos assessores de Daniel Dantas.

A palestra “Sigilo policial x liberdade de imprensa”, organizada pelo Laboratório de Inteligência e Pesquisa de Marketing Social (LIMK) da ECO/UFRJ, contou com a presença dos professores Eduardo Refkalefsky, Fátima Fernandes e Cristina Rego Monteiro. Antes do evento, o delegado afastado da Operação Satiagraha participou de uma coletiva com os jornalistas.