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Novas perspectivas no tratamento da depressão

Na última quarta-feira (03/06) aconteceu a sessão do Centro de Estudos Professora Lúcia Spitz, promovido pelo Serviço de Psiquiatria e Psicologia Médica do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF/UFRJ). Em pauta esteve o quadro atual e os novos rumos no tratamento da depressão. O assunto foi abordado pelo professor Marco Antônio Alves Brasil, Chefe do Serviço de Psiquiatria e Psicologia Médica do HUCFF.

O psiquiatra iniciou a palestra exaltando a importância da boa prática clínica e citando alguns de seus fundamentos, como a relação médico-paciente, o diagnóstico correto e o uso racional e criterioso de recursos terapêuticos.

—O diagnóstico é o nosso referencial, é o nosso plano de vôo, precisamos ter um diagnóstico para, a partir daí traçar o nosso projeto terapêutico. Uma vez feito o diagnóstico devemos utilizar de forma criteriosa e racional os recursos disponíveis, — diz Marco Antônio.

Outro aspecto importante abordado no tratamento da depressão foi de que não se restringe ao uso de medicamentos. O tratamento para depressão não se baseia apenas em prescrever antidepressivo. O uso desses fármacos é apenas parte do tratamento. Há ainda outros componentes importantes.
 
Segundo o psiquiatra, nos casos de depressão leve a psicoterapia tem um papel mais importante do que os psicotrópicos. A terapia ocupacional, a dança, o esporte e as atividades lúdicas também exercem um papel importante na superação de muitos quadros depressivos leves. “Devemos lembrar sempre da observação de Freud, de que todo médico, saiba ele ou não, sempre estará fazendo psicoterapia. Não há relação médico-paciente neutra. Sempre que temos a nossa frente um paciente, nossos gestos e nossas palavras terão um peso enorme”, diz o médico.

— Outro ponto importante é que a eletroconvulsivoterapia (ECT) continua sendo um tratamento atual e eficaz para os casos depressivos graves, sobretudo aqueles casos com tendências suicidas, — avalia Alves Brasil.

O psiquiatra abordou ainda a eficácia dos remédios utilizados. De acordo com ele, todos os antidepressivos atuam da mesma forma e sua eficiência é bastante semelhante. O critério de escolha do antidepressivo a ser receitado é feito com base nos efeitos colaterais. Porém, Marco Antônio recomenda que os novos medicamentos não sejam os primeiros a serem receitados, já que nesses casos ainda não se conhece há tanto tempo os efeitos da droga. A avaliação do psicofármaco deve levar em conta a eficácia, a segurança e os efeitos colaterais. O psiquiatra conclui dizendo que até o presente não há ainda nada de revolucionário no tratamento da doença.