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Estudo avalia potencial imunológico de planta

O Brasil possui grande biodiversidade em sua flora. Por isso não é de se espantar que cada vez mais aumente o número de estudos e pesquisas na área das propriedades das plantas. Uma pesquisa da qual faz parte a professora Lígia Maria Torres Peçanha, do Instituto de Microbiologia Professor Paulo de Góes (IMPPG), investigou o efeito da planta da flora brasileira chamada Cissampelos sympodialis na resposta de defesa imunológica do indivíduo.

— Avaliamos a resposta de um grupo de células chamadas linfócitos B, que são as células responsáveis pela produção de anticorpos. Esta planta já é usada popularmente no tratamento de asma e de outras doenças inflamatórias. Trata-se de uma trepadeira, que pode ser encontrada no Nordeste e Sudeste do Brasil — conta Peçanha.

O estudo, que vem sendo desenvolvido há cerca de oito anos no Rio de Janeiro, iniciou-se a partir de uma pesquisa realizada há mais de uma década pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). “Colaboro com a professora Márcia Regina Piuvezam, docente da UFPB. Nosso objetivo principal é caracterizar o princípio ativo da planta que poderia auxiliar no controle da resposta de produção de anticorpos”, explica Lígia.

O potente efeito anti-inflamatório do extrato da planta verificado em outros estudos foi o que estimulou o grupo a se aprofundar no tema. Os pesquisadores utilizaram um composto chamado warifteína, que é um alcaloide derivado da Cissampelos sympodialis. Eles observaram que o alcaloide tem potente efeito imunomodulador (inibe a resposta de linfócitos B)

De acordo com a professora Lígia, o estudo realizado no Rio de Janeiro mediu a produção de anticorpos por linfócitos B em cultura e em animais imunizados com antígenos polissacarídeos. A partir dos resultados obtidos, poderá ser caracterizado o mecanismo de ação da substância warifteína. “Estes dados poderão levar ao desenvolvimento de medicamentos que possam vir a controlar a resposta de linfócitos B em diferentes tipos de patologias”, almeja a pesquisadora.

Ela conta ainda que existem dados do grupo da UFPB que mostram que o extrato da planta e o alcaloide warifteína têm efeito antialérgico porque inibem a produção de imunoglobulina E e modulam a resposta de linfócitos T. “Esta planta e o alcaloide também modulam a resposta de neutrófilos (células de defesa presentes no sangue)", declara a professora.

A planta já é utilizada no tratamento de quadros alérgicos e de doenças inflamatórias. “Nosso estudo tem como objetivo entender por que a planta tem efeitos terapêuticos nestes tipos de doenças”, conclui Lígia.