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Seminário discute doenças renais na gravidez

Nos dias 4 e 5 de maio, aconteceu o Seminário Internacional de Nefrologia, no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF). O evento foi organizado pela UFRJ, em parceria com o instituto Mayo Clinic (Flórida/EUA), e contava com palestrantes de ambas as instituições.

No segundo dia do seminário, a professora Vesna Garovic, do Instituto Mayo Clinic, apresentou os dados de sua pesquisa que relacionam doenças renais a casos de pré-eclâmpsia. De acordo com a professora Garovic, não há como diagnosticar casos de pré-eclâmpsia sem que haja presença de proteínas na urina, também conhecido como proteinúria.

Hoje em dia, a pré-eclâmpsia é reconhecida como uma síndrome causada por problemas nas células do endotélio. Segundo a palestrante, estudos da Universidade de Harvard apontam que problemas na regulação do fator de crescimento vascular do endotélio (VEGF, em inglês) estão ligados à pré-eclâmpsia. A pesquisa de Harvard mostrou que o receptor FLT-1 anula o VEGF, impedindo que ele aja no endotélio.

Entretanto, a professora salientou que essa teoria não explica perfeitamente o mecanismo causador da pré-eclâmpsia. Segundo Vesna Garovic, algumas pacientes desenvolvem outros sintomas, como hemólise, baixa taxa de plaquetas e alta contagem de enzimas do fígado, configurando a Síndrome HELLP. Essas pacientes são as que apresentam pré-eclâmpsia com maior gravidade. A Síndrome HELLP pode ser causada por outros receptores que agem da mesma maneira que o FLT-1, não podendo ser explicada somente pela ação do mesmo.

Voltando ao estudo do FLT-1, a pesquisadora apontou que há um balanço entre a forma sólida (sFLT-1), que circula na corrente sanguínea, e a forma fixa, expressa nas células do endotélio. A presença da forma sólida aumenta o número de FTL-1 no endotélio e diminui a quantidade de VEGF, causando disfunção do endotélio e hipertensão. Porém, esse mecanismo não causa proteinúria.

A partir de autópsias feitas em pacientes que morreram por causa da pré-eclâmpsia, a doutora Vesna Garovic percebeu que algumas proteínas estavam em menor número quando comparadas ao grupo de controle. Muitos estudos apontam que podócitos, que serviriam de barreiras para a perda de proteínas na urina, são perdidos na urina durante a pré-eclâmpsia, podendo levar ao diagnóstico de maneira menos invasiva do que uma biópsia.

A doutora Garovic passou a investigar a relação entre a perda de podócitos na urina e problemas no endotélio a partir das hipóteses formuladas. A pesquisa foi feita com gestantes diagnosticadas com pré-eclâmpsia, para investigar os efeitos no endotélio, e com a síndrome HELLP, para verificar os efeitos na pressão sanguínea. Foram coletadas amostras de urina de, até no máximo, 24 horas antes do parto. A partir de análises dessas amostras, foi observada a presença de podócitos na urina de todas as cobaias e não foi observada presença em nenhum dos controles. Assim, a doutora concluiu que não era possível que as grávidas apresentassem problemas renais sem apresentar pré-eclâmpsia.