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Energia e política externa são temas de aula inaugural da Coppe

A energia em suas variadas aplicações para o desenvolvimento do país e questões envolvendo a política externa foram temas abordados pelo Embaixador Samuel Pinheiro Guimarães durante a aula inaugural do Programa de Planejamento Energético do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe/UFRJ). A palestra aconteceu sexta-feira (20/03) no Auditório do Programa de Engenharia Elétrica (PEE), bloco C, do Centro de Tecnologia (CT).

Luiz Pinguelli Rosa, diretor da Coppe, ressaltou a importância de trazer um profissional conceituado para compartilhar as experiências de vida com os alunos. Samuel iniciou esclarecendo a diferença entre desenvolvimento e crescimento. Enquanto o primeiro é algo sempre relativo, pois depende da comparação com os índices dos outros países, o crescimento estaria relacionado ao Produto Interno Bruto (PIB), que é o valor de toda a riqueza gerada no país.

O embaixador destacou que não tem havido desenvolvimento nos países subdesenvolvidos, e sim um crescimento na diferença de renda per capita, algo que se repete também nos países desenvolvidos.

Segundo ele, para que haja desenvolvimento é preciso introduzir novas tecnologias, uma vez que o esforço tecnológico é o responsável pela redução dos custos de produção e pelo conseqüente aumento no lucro das empresas. “É necessário também promover a integração em diferentes aspectos, como transportes, mercados e energia”, disse.

O etanol e os conflitos por ele gerados na política externa não poderiam deixar de ser abordados. Segundo o embaixador, há maior estímulo à produção e pesquisa de biodiesel, e conseqüente incentivo ao etanol. Embora ache que esse tipo de produção pode beneficiar a pequena produção familiar no Brasil, ele lança dúvidas sobre o deslocamento da produção alimentícia do país e até mesmo o uso de terras da Amazônia.

A Europa, por outro lado, questiona a sustentabilidade do etanol, sugerindo que haja um certificado de sustentabilidade para o combustível. Para Samuel, é uma tentativa para ganhar tempo, diante do atraso frente à produção brasileira. “Deve-se criar também um certificado garantindo que a produção de petróleo não prejudica o meio ambiente”, sugeriu ironicamente.
 
Guimarães falou ainda sobre natureza como vítima do processo de viabilização do desenvolvimento e da geração de energia, do pré-sal, da crise econômica, da necessidade do planejamento para promover desenvolvimento e das visões de desenvolvimento econômico conhecidas, como o neoliberalismo, o socialismo e a visão estruturalista. Ao final, o embaixador respondeu a perguntas de todos.