O Hospital Escola São Francisco de Assis (Hesfa/UFRJ) está sob nova direção. O evento que marcou a posse de José Mauro Braz de Lima como diretor da unidade, com Maria Catarina Salvador da Motta como vice-diretora. A cerimônia foi breve e ocorreu na tarde de ontem, 8 de dezembro, no auditório São Francisco de Assis, no próprio Hospital. Representantes das principais unidades do Centro de Ciências da Saúde (CCS) foram ao local e lotaram o auditório.
Aloísio Teixeira, reitor da UFRJ, afirmou que a expressiva audiência corresponde à importância do momento, já que a posse de José Mauro Braz de Lima, eleito por maioria de votos pelo corpo social do Hesfa, marca o “retorno à normalidade da vida institucional na unidade”, nas palavras do reitor. Ele se referia ao sistema de intervenção, pelo qual o diretor de uma unidade é indicado pelo próprio reitor. “Espero que seja o início de um processo pelo qual outras intervenções que existem em nossa Universidade possam ser suspensas”, declarou Teixeira.
O reitor explicou que a intervenção que indicou Cristina Loyola para a direção de 2005 a 2008 era necessária para o período por que passava o Hospital. “Havia uma situação de conflito aqui dentro, que pressenti que ia além da diferença de idéias, natural e necessária para a sobrevivência acadêmica”, afirmou. Ele lembrou que a ausência de um projeto acadêmico representa uma grave lacuna na dinâmica de qualquer unidade universitária. “O Hesfa havia se transformado num prédio. Quando uma unidade acadêmica se confunde com um prédio, significa que há alguma coisa errada”, comentou o reitor.
O reitor agradeceu o apoio e dedicação de Cristina Loyola. Segundo ele, os esforços foram grandes para vencer os desafios que o Hesfa precisa enfrentar. “Se hoje não apresentamos um balanço positivo e completo do projeto de restauração do prédio e de finalização de um projeto acadêmico, a responsabilidade é minha. Lamento não ter tido tempo e condições objetivas para usar mais energia para resolver os problemas do Hesfa”, declarou.
Complexo hospitalar
Para ele, trata-se de um momento especial para a Universidade, que caminha para a realização do complexo hospitalar, aprovado pelo conselho do CCS e incluído na pauta do próximo Conselho Universitário. “O complexo hospitalar não será apenas uma instância administrativa. Respeitada a autonomia de cada unidade hospitalar, nós queremos avançar no sentido da coordenação no sentido da coordenação, racionalização e eficácia no uso dos recursos”, explicou o reitor.
— A idéia é de que dentro de um horizonte de médio e longo prazo possamos ter um sistema de atenção à saúde diferente do que a gente tem hoje e adequado às demandas da sociedade carioca e fluminense —, afirmou Aloísio Teixeira. A decisão veio por causa da decisão do MEC, que exige que as contas dos hospitais sejam relacionadas a unidades orçamentárias distintas do restante da universidade.
Cristina Loyola, agora ex-diretora da unidade, deu as boas vindas ao novo gestor e fez uma breve retrospectiva das atividades que desempenhou durante o triênio e admitiu que o sucesso “em algumas parcialidades”, já que fortes demandas, como a reforma das instalações do Hospital. Apesar disso, a professora informou que já iniciou as negociações com a Divisão de Preservação de Imóveis Tombados (Diprit) e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o que pode deixar as portas abertas para a solução do problema na gestão de José Mauro Braz de Lima.
Loyola deixa a direção com recursos em caixa suficientes para os próximos meses. Além disso, sua gestão foi responsável pelo aumento de 15% dos bens de capital e diminuição da fila de espera dos serviços de fisioterapia. “Mas ainda assim, é pouco”, comentou a professora, que agradeceu à equipe que a acompanho e aos funcionários da unidade.
Palavra do diretor
Muito aplaudido, o novo diretor declarou que o momento era especial em sua carreira e destacou a atenção especial que vai dedicar a área de atenção básica. José Mauro Braz de Lima afirmou que é preciso rever o conceito de saúde e entendê-lo como a totalidade da qualidade de vida do indivíduo e não apenas como a ausência de doenças. “Vejo no Hospital Escola São Francisco de Assis uma oportunidade de mudar esse status quo do paradigma da saúde no Rio de Janeiro”, declarou Braz de Lima.
Aloísio Teixeira destacou que seu papel como reitor não era o de desejar “boa sorte” e sim de estar junto da nova direção para garantir que os desafios sejam vencidos. “Quero deixar claro a certeza de que eu continuo empenhado na solução dos problemas dessa unidade. Acima de tudo, nós precisamos de um projeto acadêmico; as intervenções físicas que se fizerem necessárias devem ser conseqüências do projeto acadêmico, e não o contrário”, declarou o reitor.