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Mídia e Violência é tema de debate na UFRJ

Mídia e Violência foi o tema nesta segunda, dia 24, da palestra oferecida pelo curso de extensão Jornalismo de Políticas Públicas Sociais, do Núcleo de Estudos Transdisciplinares de Comunicação e Consciência da Escola de Comunicação (JPPS/NETCCON/ECO) da UFRJ. Angélica Faria e Anabela Paiva, do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da Universidade Cândido Mendes (CESeC), que proferiram a palestra, contam que a pesquisa teve início com os estudos sobre segurança pública, para a qual a imprensa é um fator fundamental.

– Ao colocar assuntos relacionados a políticas públicas em pauta, a mídia leva o governo a reagir à exposição de problemas – explica Anabela.

Segundo Angélica, índices relacionados à violência, como taxas de homicídio, têm idade, cor e região no Brasil. “São números que mostram tendências da sociedade, que devem ser discutidas e não apenas tratadas como um dado factual”, afirma a especialista. Anabela completa: “Será que os crimes noticiados, entre 56 a 72 apenas no ano de 2006, estão situados nas áreas com maior taxa de homicídios? Não. Os de maior repercussão são os que acontecem na Zona Sul, com índice de países que invejamos (até 7,5)”, aponta a palestrante.

As especialistas afirmam que o CESeC realiza pesquisas desde 2004 no campo da Mídia e Violência, tendo analisado mais de cinco mil matérias sobre políticas públicas e segurança na região Sudeste. “Traçamos um panorama de tendências, buscando uma maior proximidade com jornalistas”, afirma Anabela, explicando que a metodologia se baseou na análise de conteúdo, com caráter quantitativo.

A partir dessas análises, a pesquisa traçou algumas conclusões positivas sobre os rumos da imprensa, como Anabela Paiva expõe: “Não podemos negar que houve uma busca por melhoras. Hoje o código de ética tem maior espaço na redação e o sensacionalismo tem diminuído”, relata a palestrante, que revela, porém, ainda haver uma busca maior por fontes oficiais, tanto que 32,5% das matérias analisadas pela pesquisa têm a polícia como base principal da informação jornalística.

– A falta de segurança para o repórter; o perfil do profissional, que passa a ser o jovem de classe média, branco, universitário; a dificuldade na busca de fontes independentes e a carência de um olhar múltiplo caracterizam-se como as maiores dificuldades do jornalista em matérias sobre violência – conta Angélica.

Como formas de melhorar a situação atual, a pesquisa apresentada pelas palestrantes propõe uma “ampliação na busca de fontes, a formação de jornalistas especializados no assunto, maior atenção a dados estatísticos e a inclusão de profissionais de origem popular”, lista Anabela.