O dramaturgo, poeta, contista e jornalista Artur Azevedo foi homenageado nesta terça, dia 11, em evento que reuniu especialistas no Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ. A palestra é fruto da pesquisa de Larissa Neves, que convidou Antônio Martins, biógrafo de Azevedo e professor da Faculdade de Letras da UFRJ, e Tânia Brandão, pesquisadora de História do Teatro Brasileiro da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO).
Azevedo nasceu no ano de 1855 em São Luís, Maranhão, mudando-se para o Rio de Janeiro em 1873 . Foi com o irmão Aluísio Azevedo um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, tendo ocupado a cadeira 29, cujo patrono é o escritor Martins Pena – um dos pioneiros no teatro brasileiro no início do século XIX, segundo alguns historiadores. “A obra de Artur Azevedo estabelece um diálogo contudente em contraponto ao de Martins Pena. Ele é um grande nome, embora pouco reconhecido”, afirmou Tânia Brandão.
– Ele vai de encontro ao modelo de teatro de seu século, que primava pela elevação do espírito, romantismo. Até então a comédia, base de grande parte do trabalho de Azevedo, era considerada menor – conta Tânia, que cita trabalhos do dramaturgo como “O vassoura rebelde” (1865), “Amor por anexins” (1872) e “A filha de Maria Angu” (1876).
Larissa, por sua vez, conta que ele também acompanhava semanalmente o movimento teatral na cidade do Rio de Janeiro, tecendo críticas sobre os espetáculos. “Azevedo opinava sobre todos os elementos do teatro, da atuação à cenografia”, disse a pesquisadora, que completa: “Ele foi um dos maiores incentivadores do teatro nacional e valorização do artista”, afirma.
Já Antônio Martins lembra que há uma tendência a comparar o trabalho do escritor homenageado ao de Machado de Assis, pelo toque de humor nas obras de ambos. Porém, Martins é enfático em diferenciá-los: “Machado de Assis escrevia para as elites; Artur Azevedo escrevia para o povo”, afirmou o especialista, que contou por fim anedotas e trocadilhos de Azevedo.
O Encontro fez parte do projeto “Resgate, preservação e divulgação das crônicas teatrais – homenagem a Artur Azevedo”, que lançará até o fim do ano um CD-ROM com as crônicas teatrais do jornalista, publicadas entre 1894 e 1908 no jornal A Notícia, além de um livro comemorativo.