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Fórum discute contribuição dos imigrantes para a identidade brasileira

 A abertura do “I Fórum de Imigração do Estado do Rio de Janeiro: memória, comunicação e percursos” ocorreu na manhã desta quarta, dia 12, no Auditório do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH). O evento, que prossegue até amanhã, dia 14, pretende debater os modos de permanência da cultura do imigrante, sempre valorizando a diversidade.

– Nossa proposta é juntar os pedaços dessa identidade cultural nacional e fluminense, recheada de pluripertencimento. Queremos dar visibilidade à composição multicultural de nossa sociedade e de fomentar uma análise científica adequada dessa realidade – afirmou Mohammed ElHajji, mediador da primeira mesa-redonda e coordenador do Programa de Educação Tutorial da Escola de Comunicação (PET-ECO), grupo que organizou o encontro.

Entre os convidados estava James Frew, presidente da Associação Escocesa do Rio de Janeiro. Ele comentou sobre o seu trabalho de organizar eventos para a comunidade escocesa, criando fundos para a criação de creches por todo o Estado. “Tentamos aproximar os poucos escoceses que vivem no Rio de Janeiro, que são cerca de 60 pessoas”, afirma James. Ainda segundo o palestrante, a diáspora escocesa foi motivada por conflitos com a Inglaterra, que provocaram guerras, pobreza e disputa de terras.

Neusa Oliveira, presidente da Associação de Caboverdianos do Rio de Janeiro, também participou do encontro. Ela contou um pouco sobre a história do arquipélago, ex-colônia de Portugal, que fica no Noroeste da África. Segundo ela, a comunidade de imigrantes daquele país possui quase 600 integrantes, concentrados principalmente nos municípios de São João de Meriti e Mesquita, onde fica localizada a sede da associação. “Já recebemos diversos políticos de Cabo Verde”, relata Neusa, citando inclusive a presença do primeiro-ministro do seu país na associação. Além disso, o local serve para celebrar as festas típicas de Cabo Verde: “No dia 7 de julho, comemoramos em nossa sede a Independência de Cabo Verde”, complementa a convidada.

No ano em que se comemoram os 200 anos da imigração japonesa, um convidado nipônico também marcou presença no I Fórum de Imigração. Caio Yoshida Hajime, diretor do setor jovem de imigrantes japoneses (Rio Nikkei), ressaltou a importância de se manter a identidade cultural japonesa. Esse departamento para jovens, que recebe apoio do Consulado japonês, possui sede em vários estados do país, como Pará, Rio Grande do Norte, Paraná e São Paulo. Mesmo estando a quilômetros da terra natal, eles não deixam de praticar a língua japonesa. “Os imigrantes procuram falar a língua, tentando assim manter a sua identidade. A questão é que, em comparação com o japonês falado no Japão, o nosso é mais arcaico, porque não sofreu muitas alterações”, afirma o palestrante.

O representante do Peru no evento foi Álvaro Pilares, que participa do Conselho de Consulta do Peru no Rio de Janeiro. A entidade, criada em 2002, presta uma ajuda aos peruanos no Brasil, principalmente em relação à documentação e questões jurídicas. A entidade também atua na organização de festas típicas e busca facilitar o diálogo entre o imigrante e o Consulado Peruano. “Atuamos como uma ponte entre a população e o consulado”, explica Pilares, estimando existir cerca de 4,5 mil peruanos no Estado do Rio de Janeiro.

Coube a Helena Tseluiko, professora de língua russa e representante do Centro de Cultura Eslava, falar sobre a emigração de russos para o Brasil. “Na Rússia, existia quase uma mitologia em relação ao Brasil. Era como se o país fosse o paraíso na Terra”, admite a convidada. Outro motivo citado por ela que impulsionou a vinda de muitos cientistas e empresários para as cidades brasileiras foi o fim da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Ao contrário dos outros imigrantes que participaram da abertura do Fórum, os russos não possuem uma associação, reunindo-se em igrejas ortodoxas. Outra dificuldade para a preservação cultural, segundo ela, é a falta de interesse dos jovens. Porém, afirma Helena, o Estado russo já está se mobilizando para corrigir esse desinteresse: “O Governo está estimulando a repatriação, mesmo que só culturalmente ou espiritualmente, dos descendentes de emigrantes”.