Uma proposta de transporte aquaviário para a Cidade Universitária foi apresentada ao Comitê Técnico do Plano Diretor UFRJ 2020, no último dia 13, por integrantes do Programa de Engenharia de Transportes (PET) do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe/UFRJ). O “Acqua Móbile”, como é chamado o projeto, prevê a construção de três aquacentros – constituídos por terminais, centros de comércio e integrações com transportes terrestres – duas embarcações com capacidade para 100 passageiros cada, 12 barcos para 20 passageiros, além do tratamento urbanístico para abrigar um terminal na Praia Vermelha. Segundo Milena Bodmer do PET, que apresentou o projeto, serão necessários R$ 16,9 milhões de investimento, recursos que poderão vir de parcerias e do BNDES. O valor estimado da passagem é de R$ 1,18.
Na apresentação, foram exibidos três modelos de embarcações: o Acqua Mini, com capacidade para 20 passageiros, velocidade de 25 nós, com valor estimado em R$ 230 mil; o Acqua Bus, para o transporte de até 400 passageiros, velocidade de 20 nós, a um custo aproximado de R$ 1,5 milhão; e o Acqua Roro, veículo mais lento, adequado para a travessia de até quatro ônibus urbanos, com valor de cerca de R$ 2,7 milhões. Todos seriam construídos com tecnologia da UFRJ, o que serviria de incentivo à produção nacional e de vitrine para a universidade.
Segundo Milena, o “Acqua Móbile” tem como diretrizes a responsabilidade social e ético-ambiental, além de atrelar o transporte público às atividades sócio-econômicas da região. “O porto de atracação deve ser instalado onde se pretende intensificar as atividades sócio-econômicas com condições de gerar receita”, afirma.
A proposta abrange o atendimento da população de toda a Baía de Guanabara. No entanto, a Rede Campi seria uma subdivisão do projeto que pretende suprir a carência de transportes dos estudantes dos campi da Cidade Universitária, Praia Vermelha, além dos alunos da UFF. A idéia é criar um convênio entre UFRJ, UFF, Governo do Estado e as prefeituras do Rio e de Niterói, mas “com autonomia para as duas universidades administrarem a mobilidade de sua própria clientela, de um ponto A para um ponto B, como já acontece com o transporte terrestre”, lembrou o reitor Aloisio Teixeira, que também participou do encontro. O reitor sugeriu ainda a elaboração de um modelo experimental, com um trajeto reduzido, para apresentar aos potenciais investidores.
Transporte de levitação sobre trilhos
O professor do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano Regional (IPPUR) Carlos Vainer destacou a importância do projeto servir como modelo de integração entre a universidade e a cidade, conforme prevêem as diretrizes do Plano Diretor UFRJ 2020. “O que me atraiu no projeto do Maglev-Cobra foi a possibilidade de servir como ligação entre os dois aeroportos”, recordou, em referência ao projeto apresentado na reunião do último dia 6.
O transporte de levitação sobre trilhos também foi pauta da reunião do comitê. O engenheiro Eduardo Gonçalves David, professor da Coppe/UFRJ, apresentou mais detalhes da proposta de levar os passageiros desde o terminal rodoviário – a ser construído nas proximidades do Hospital Universitário – até a Vila Residencial, numa distância de 4,2 quilômetros. O valor total seria de R$ 40 milhões, com previsão de retorno do investimento em sete anos. Deste total, as despesas com infra-estrutura ficariam por volta de R$ 25 milhões, a criação dos terminais abrangeria o montante aproximado de R$ 7 milhões e a construção dos módulos para 130 passageiros, custos de projeto e gerenciamento, na casa dos R$ 8 milhões.
Outros temas
Outro tema discutido no encontro foi a construção da tão aguardada segunda ponte de acesso à Cidade Universitária. O professor Francisco Rezende Lopes, professor titular do Coppe/UFRJ levou detalhes de dois projetos que visam o acesso entre o Centro de Tecnologia e a Linha Vermelha, ligando a universidade ao centro e às zonas norte e sul da cidade.
Também foi debatida a utilização do espaço da chamada “perna seca” do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF). O projeto de demolição custaria por volta de R$ 11 milhões e outros R$ 10 milhões seriam utilizados para a recuperação de 10 mil metros quadrados da área.
Finalmente, a criação de novas bibliotecas ocupou a parte final da reunião. A idéia predominante entre os membros do comitê prevê a construção de uma biblioteca central, onde estaria localizado o acervo de obras raras, teses e documentos sobre a história da universidade, além de três bibliotecas setoriais localizadas na área do CCS, CT/CCMN e das Humanidades – espaço onde deverão ser instaladas as unidades do CCJE, CFCH, Letras, entre outras.
A coordenadora do Sistema de Bibliotecas e Informação da UFRJ (SIBI), Paula Maria Abrantes Cotta de Mello, concorda que as atuais 27 bibliotecas espalhadas pelas unidades são um problema a ser resolvido. “As pequenas bibliotecas dão grande despesa e não contam com pessoal suficiente para o atendimento”, avalia.
Vainer ressaltou a necessidade da preservação das obras raras. “Não podemos deixar as nossas jóias guardadas em locais sem estrutura para abrigá-las. As nossas bibliotecas ainda são dos anos 50. Precisamos de locais adequados que, além de ambiente apropriado para este acervo, tenha capacidade de atender às necessidades atuais dos estudantes, inclusive com a instalação de salas de vídeos, projeção e outros recursos que se fazem presentes nos dias de hoje”, frisou.