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Vídeos para o ensino médico

 Na última quarta-feira (29/10) ocorreu o debate realizado pelo Centro de Estudos Professora Lúcia Spitz, no Anfiteatro 9E34 do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF) da UFRJ. O tema abordado foi "Uso do vídeo no ensino médico".

A primeira palestra foi de José Rodolfo Rocco, professor de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da UFRJ, que exibiu alguns vídeos, dentre eles “Como mensurar a pressão arterial” e “Percussão torácica”. “Melhor do que descrever é mostrar como se faz. O vídeo desempenha um papel bastante importante neste processo e ajuda na demonstração de procedimentos que devem ser realizados em consultas”, relata o professor. Ele ainda apresentou um pequeno filme profissional produzido pela UFRJ, em que examinava um paciente. De acordo com Rocco, o material serve de base a professores, mestrandos e alunos também de outras universidades.

Por último, José Rocco expôs um vídeo intitulado “Carnificina no CTI”, que contou ter sido gravado num caso em que cirurgias não mais salvariam a vida do paciente, mas os médicos insistiram na realização dos procedimentos. “É um material pouco exibido, de cenas do CTI. Entre as imagens, uma toracotomia para massagem cardíaca interna e para intubação pela traquéia. São visões chocantes, é um quadro dramático. Com a exibição deste vídeo é possível saber quem vai fazer medicina ou não”, observa o professor.

Para o próximo palestrante, Eduardo Rocha, professor de Nefrologia da Faculdade de Medicina da UFRJ, a idéia da utilização de vídeo como instrumento e ferramenta moderna de ensino é uma luta enfrentada desde que era aluno. “Tive a oportunidade de testar um modelo, idéia, conceito e espero que daqui surja um fórum de discussão e que possamos efetivamente mudar as formas de ensino desta faculdade”, aponta o professor. Ele costuma filmar seus alunos ao realizarem procedimentos médicos, para que, ao assistirem, possam perceber em que precisam melhorar.

– Se não nos atualizarmos, a faculdade tende a sumir, estamos numa era de participação e produção. Desejo que a utilização do vídeo evolua. Vamos deixar os alunos pegarem as câmeras e produzirem, acredito que o Youtube deveria ser liberado na universidade – expõe Eduardo Rocha.

O professor chamou a aluna Juliana Monteiro para falar da necessidade de algo diferente para as aulas: “A idéia do Eduardo era nos filmar conversando com o paciente. Acho a apresentação dos vídeos muito importante, através disso conseguimos enxergar o que naturalmente não perceberíamos. Além disso, aulas dinâmicas são mais interessantes, quando a aula é boa o aluno comparece e quer aprender”, aponta a estudante.

Lina Rosa, professora de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da UFRJ, começou seu discurso brincando, ao dizer que sua formação médica seria do paleozóico inferior. “Fui educada dentro de uma medicina artesanal. Tinha um professor o tempo todo ao meu lado, e indo até a enfermaria cada vez que uma dúvida surgia”, relembra a professora.

No entanto, ela também se inseriu no universo digital e o considera bastante proveitoso para o ensino. “Quando vim para a UFRJ, fui colocada na era da informática e descobri mais uma ferramenta além das que eu já tinha. Aos poucos fui vendo que a arte é muito maior do que eu imaginava e que medicina também é uma grande arte”, declara Lina Rosa.

Para encerrar, Maurício Tostes, professor de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da UFRJ, exibiu vídeos em que chamou a atenção para o estado do paciente, que nem sempre está da forma como se descreve ao médico. Por fim, ocorreu um debate em que professores e alunos discutiram o tema e expuseram seus pontos de vista.