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Jornada de Pós-Graduação de Microbiologia

 A Jornada de Pós-Graduação de Microbiologia teve início na última segunda-feira, dia 8 de setembro, no Instituto de Microbiologia Professor Paulo Góes. Segundo Thaís Souto Padron, coordenadora do Programa de Pós-Graduação e organizadora do evento, o objetivo do encontro, que prossegue até sexta, dia 12, é acompanhar o trabalho dos alunos de mestrado e doutorado.

Segundo ela, nos cursos regulamentados pela Capes, acontece uma avaliação trienal, que visa pontuar as pós-graduações do país inteiro. Esta avaliação possui vários subitens, dentre eles, o tempo médio de titulação do aluno de mestrado e doutorado. O período regulamentar é de dois anos para mestrado e quatro para doutorado, durante o qual o aluno tem direito à bolsa de estudo. Se no final deste tempo ele não tiver defendido a dissertação ou tese, pode continuar no curso por mais um ano, no entanto sem receber a bolsa. “No intuito de evitar que muitos alunos ultrapassem o tempo, instituímos a jornada para fazer um acompanhamento anual dos estudantes. Além disso, o evento também serve para o aluno treinar as apresentações de painel e oral, o que acaba sendo uma forma de preparação para a defesa de tese”, explica a professora.

A jornada conta com exposição oral de alunos que vão defender tese no ano seguinte. Já os estudantes que dispõem de mais tempo para produzir o trabalho acadêmico apresentam a pesquisa na forma de painel. São dois avaliadores por cada grupo de alunos, que julgam de acordo com a forma de apresentação, conteúdo, organização e forma de expressão do resultado. “Isso vale uma nota, pois a jornada é uma disciplina da pós-graduação, uma das poucas obrigatórias”, assinala Thaís.

Segundo a professora, o evento aproxima os alunos, que nem sempre cursam a mesma disciplina. Os trabalhos também geram interesse dos professores. “Esse é o maior objetivo da jornada. Como ocorre habitualmente, não se sabe o que o seu vizinho de laboratório faz. A jornada propicia uma integração dos vários laboratórios para facilitar colaborações e interações das diversas áreas desse instituto, que trabalha com assuntos bastante variados”, observa Thaís.

O tempo de apresentação que os alunos dispõem é de meia hora. Camila Elias, aluna de mestrado, apresentou-se no anfiteatro no primeiro dia do evento. Ela trabalha com protozoários, as phytomonas, parentes da família do trypanossoma cruzi, causador da Doença de Chagas. Os tripanossomatídeos causam doenças em plantas. “Estudos vêm sendo desenvolvidos a respeito dos tripanossomatídeos que não são patogênicos, não causam doenças aos humanos e são semelhantes a outros que causam. Alguns grupos têm se dedicado ao estudo dessas semelhanças para saber se há a possibilidade de utilização de parasitas não-patogênicos numa vacina”, explica Thaís.

– Isto não tem se mostrado muito verdadeiro. Porém, academicamente, em nível de pesquisa biológica pura, existem fatores interessantes, como as phytomonas expressarem enzimas de forma semelhante ao trypanossoma cruzi. É isto que se costuma analisar – indica a professora.

Thaís avalia que as phytomonas, objeto de estudo de Camila, atingem vários tipos de vegetais, como dendê e coco. O trabalho da estudante de mestrado tem como objeto a contaminação do tomate. “Como isso vale dinheiro, uma plantação infestada por phytomonas gera uma perda econômica relativamente grande. Eles tentam entender isso, e como o protozoário vai danificar o fruto e causar algum tipo de dano”, conclui a professora.