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Periodontia: assunto tratado na Jornada de Odontologia

 No dia 26 de agosto, a XVIII Jornada Acadêmica de Odontologia abordou em um simpósio o tema “Periodontia clínica: do diagnóstico ao tratamento”. No intuito de promover um intercâmbio de conhecimentos entre outras universidades foram convidados especialistas da área para abordar academicamente questões relacionadas à prevenção e assuntos mais modernos da odontologia, como a estética.

De acordo com Jô Iazzetti, professora da Faculdade de Odontologia e colaboradora na organização do evento, o grande objetivo da jornada é fazer com que os alunos recebam um conhecimento externo. Um exemplo foi a palestra do professor chileno, Milko Vilarroel, da Universidade de Valparaiso. Para Jô, com a evolução da Odontologia surge uma necessidade de reciclagem do ensino, não só voltada aos alunos, mas aos professores também. “Convidamos profissionais de fora da universidade que tragam outros conteúdos que possam ser aplicados numa dinâmica de ensino. Os alunos compareceram em peso. É interessante que os professores também assistam às palestras para ver se a calibragem do ensino é basicamente a mesma ou não”, constata Jô.

Bruno Rescala, professor da Universidade Estácio de Sá (UNESA), começou falando sobre os aspectos microbiológicos da doença periodontal. Ele considera necessário que o dentista saia da faculdade com o conhecimento básico para pelo menos diagnosticar os quadros de doença periodontal, mesmo que não seja um profissional da área de periodontia. “De um modo geral, a doença periodontal acomete muitos indivíduos no Brasil. O dentista precisa entender alguns aspectos do sistema de como acontece essa doença, como é clinicamente detectável, qual o fator etiológico que leva ao problema. É importante o conhecimento para que se possa diagnosticar e, se o dentista não estiver apto ou não quiser tratar o caso, encaminhar o paciente a um periodontista”, explica o professor.

Alessandra Areas, professora da Universidade Veiga de Almeida (UVA), falou sobre a importância do diagnóstico precoce em periodontia. Segundo a dentista, atualmente estão disponíveis as ferramentas clínicas, necessárias à avaliação clínica do paciente, e há também a avaliação radiográfica. Além disso, vários métodos têm sido estudados no intuito de tentar melhorar o diagnóstico precoce, evitando perdas futuras ao paciente. “Os estudos envolvem métodos de avaliação de fluido gengival, detecção de microorganismos e avaliação de polimorfismos genéticos. Porém, ainda não há nada de concreto para uso no consultório. É muito importante que se avance nesse campo para podermos melhorar a qualidade do diagnóstico, e da terapia periodontal também”, constata a especialista.  

Para melhor contextualizar o assunto, Alessandra falou do conceito de diagnóstico, que corresponde à arte de identificar a doença a partir de seus sinais e sintomas. Um diagnóstico preciso é resultado da síntese do conhecimento científico, experiência clínica, intuição e bom senso. A dentista explicou que as doenças periodontais inicialmente seguiam um critério de idade em sua classificação. No entanto, não se sabia até que ponto essa divisão etária estava correta. A classificação foi revista pela Academia Americana de Periodontia e a decisão foi abolir a divisão por idade. A partir de então, o fator diferencial passou a ser as características das doenças.

Alessandra Areas falou do crescimento de uma nova área de interesse chamada Periodontia Médica, que associa as doenças periodontais a várias condições, como alterações cardiovasculares, alterações pulmonares e diabetes.

Segundo Alessandra, nos casos de periodontite, uma inflamação crônica, a maioria dos pacientes são tratados de maneira convencional e respondem bem ao tratamento, apenas uma parcela pequena da população terá a periodontite severa, ou a periodontite que não responde ao tratamento. “Logicamente isso depende muito do estado em que o paciente chega ao consultório. Muitas vezes, num caso de periodontite severa, faltou um diagnóstico precoce, que evitaria danos ao paciente. Quando chega num estágio de perda óssea avançado, não temos muito que fazer, o paciente acaba perdendo dentes” relata a professora.

Uma grande variação na resposta inflamatória de um indivíduo para outro tem sido observada. Estudos epidemiológicos têm demonstrado a importância de fatores como fumo, estresse, doenças sistêmicas e genéticas, independentemente da contribuição microbiana. “As bactérias são necessárias para desencadear o processo, mas os fatores externos ajudam na patogênese da doença. Estudos têm sugerido que pelo menos metade da variabilidade da expressão da doença periodontal é controlada por fatores genéticos”, observa Alessandra.

Para finalizar, a especialista apontou a necessidade do paciente fazer sua parte para que o tratamento tenha sucesso. “Não conseguimos progredir com pacientes que não escovam os dentes como deveriam, não cooperam com o tratamento. Sempre falo aos meus pacientes que 70% por cento do tratamento é responsabilidade deles, minha contribuição é pequena. E o dentista precisa mostrar como deve ser a escovação e a passagem do fio dental”, conclui Alessandra Areas.   

Último palestrante do simpósio, Márcio Falabella, professor da Unigranrio, falou sobre terapia cirúrgica e terapia não cirúrgica em periodontia. “É importante aos alunos darem um enfoque no tratamento periodontal. Tem sido questionado se alguns dentistas operam demais, outros de menos, e hoje precisamos tentar chegar a um consenso. Também há a questão estética na periodontia, o que é mais recente, pois antigamente se trabalhava muito com a condição funcional ou trabalho de recessões gengivais, e hoje existe a opção de pacientes se submeterem à cirurgia com o objetivo de melhorar a estética também”, finaliza o professor.