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Escola de Enfermagem comemora 85 anos a serviço da saúde

 A presença feminina era forte na mesa de abertura, a Escola de Enfermagem Anna Nery (EEAN) fazia a Aula inaugural do segundo semestre letivo de 2008, nessa quarta-feira (6/8). O único homem entre dez mulheres era Glauber Amâncio, presidente da nova gestão do Diretório Acadêmico da unidade. O auditório estava cheio de alunos, calouros, veteranos e, também, de professores. Havia, inclusive, alguns representantes de escolas de enfermagem brasileiras e estrangeiras, como Michel Peron, da Faculdade de Montreal, Danelia Gómez, da Universidade Autônoma do México e Laura Vidal, da Universidade do Estado do Pará (Uepa). O prestígio tem razão de ser, uma vez que na solenidade foi comemorado o 85º aniversário da Escola – com muito orgulho – como fez questão de frisar a diretora da EEAN, Maria Antonieta Rubio Tyrrel.

Logo após as saudações iniciais foi passada a palavra a Estevão, representante da gestão 2007/2008 do Diretório. Ele elogiou a diretoria, destacou suas vitórias, mesmo superando as dificuldades. Houve uma debandada da maioria dos membros da chapa ao longo dos meses do mandato, deixando a responsabilidade para apenas quatro alunos em final de curso. Apesar desse contratempo, os “sobreviventes” deram o seu melhor em prol das melhorias desejadas pelos alunos de Enfermagem. Aos calouros ele declarou que “O principal é saber viver melhor a Universidade”; à nova diretoria o conselho foi para que ela seja sempre presente junto àqueles que a elegeram. A seguir, Glauber Amâncio parabenizou a antiga gestão. Ele observou que um Diretório Acadêmico forte é fundamental na luta pelos direitos do corpo discente.

Porém, o grande orgulho para Tyrrel e para as demais professoras ali é o destaque que as Escolas de Enfermagem do Brasil, em especial a da UFRJ, vêm conquistando no cenário internacional – baseadas em muito esforço, vale acrescentar. A EEAN sempre primou pela excelência e pela socialização da Enfermagem, e isso tem se refletido na qualidade do ensino oferecido. Segundo a diretora, aproximadamente 85% dos professores da unidade são doutores, todos mestres. “Estima-se que no próximo ano a totalidade dos docentes obterá um título de doutorado. O verdadeiro diferencial, contudo, é que eles estudam continuamente, mesmo após ter concluído todos os níveis de pós-graduação existentes. É comum achar quatro ou até mesmo cinco linhas de estudo lideradas pelo mesmo professor, o que contribui em grande medida para o vanguardismo intelectual da Escola”, declara Tyrrel.

Ainda foi anunciada, sob aplausos e veementes exclamações de “Graças a Deus!”, a reforma curricular pela qual passará a graduação. Espera-se, neste ato, agregar ainda mais qualidade e contemporaneidade à grade de disciplinas, considerada por alguns ousada, mas também um tanto quanto defasada.

A conferência foi proferida por Regina Monteiro Henriques, enfermeira, ex-diretora da Escola de Enfermagem da UERJ, docente e sub-reitora de Extensão e Cultura da mesma instituição. O tema proposto era “Integralidade do cuidado em saúde e a formação do enfermeiro: uma questão de responsabilidade pública”. Regina provocou no auditório o questionamento acerca da possibilidade de se incorporar valores éticos e políticos na formação do profissional de saúde e, nesse caso, quais valores estariam sendo incorporados nessa formação.

A palestrante admitiu que saúde é um direito de todos que deve ser garantido pelo Estado. “Este, por sua vez, tem por obrigação assegurar o acesso universal e igualitário às ações e serviços de saúde para a promoção, prevenção e recuperação desta. Cuidar de um ser humano continua a ser um grande ponto de interrogação, na medida em que a qualidade de vida e o reestabelecimento da saúde possuem uma forte carga de subjetividade. Não basta apenas a prática da teoria aprendida no curso: é necessário também o cuidado integralizado, ou seja, o respeito e a humanidade. A qualidade do profissional não é passível de mensuração objetiva. Por essas e outras a formação dos futuros enfermeiros é tão desafiante. E em vencer desafios, modéstia à parte, a EEAN é especialista”, enfatizou Regina.