A Faculdade de Letras da UFRJ convidou Angelo Segrillo, professor doutor de História Contemporânea da Universidade de São Paulo (USP) e especialista em História da Rússia e ex-URSS eurasiana para proferir a palestra “Atualidade de 68: o sonho, a liberdade e a ação”, durante a aula inaugural realizada nessa terça-feira (26/8).

"> A Faculdade de Letras da UFRJ convidou Angelo Segrillo, professor doutor de História Contemporânea da Universidade de São Paulo (USP) e especialista em História da Rússia e ex-URSS eurasiana para proferir a palestra “Atualidade de 68: o sonho, a liberdade e a ação”, durante a aula inaugural realizada nessa terça-feira (26/8).

">
Categorias
Memória

1968: o sonho, a liberdade e a ação

A Faculdade de Letras da UFRJ convidou Angelo Segrillo, professor doutor de História Contemporânea da Universidade de São Paulo (USP) e especialista em História da Rússia e ex-URSS eurasiana para proferir a palestra “Atualidade de 68: o sonho, a liberdade e a ação”, durante a aula inaugural realizada nessa terça-feira (26/8).

   Veja o vídeo dessa matéria

Há quarenta anos, jovens de diversas nacionalidades se manifestaram contra a opressão e outros aspectos da vida política e social dos países. Definido como o Ano Internacional de Direitos Humanos, 1968 gerou transformações e deixou marcas que permanecem até hoje na história. Ciente da importância desse marco, a Faculdade de Letras da UFRJ convidou Angelo Segrillo, professor doutor de História Contemporânea da Universidade de São Paulo (USP) e especialista em História da Rússia e ex-URSS eurasiana para proferir a palestra “Atualidade de 68: o sonho, a liberdade e a ação”, durante a aula inaugural realizada nessa terça-feira (26/8).

De acordo com o professor Ronaldo Lima Lins, diretor da Faculdade de Letras, o evento é organizado com o objetivo de modificar a vida dos estudantes e trazer-lhes a oportunidade de ter acesso a temas extracurriculares. “Essa aula inaugural é muito importante porque é ela que dá partida ao semestre. Há uma liberdade de pensamento e de exposição. Maio de 1968 foi um evento de jovens e estamos em um ambiente de jovens, que muitas vezes não sabem o que querem, mas o mais importante, é que saibam que podem querer. Eu quero que os estudantes assistam a aula inaugural, saiam daqui e digam um dia que aquela aula mudou a sua vida”, declarou o diretor.

Segundo informou Angelo Segrillo, a provável causa para a revolução de 1968 seria o momento de prosperidade econômica, repleto de expectativas da população convivendo com realidades muitas vezes opostas. “Vivia-se a época das descolonizações, que criaram um clima de rebeldia contagiante no mundo; contradições internas ao crescimento econômico, tais como inflação, desemprego e alienação de certos segmentos da população, o que levou ao posicionamento anticapitalista do movimento de 1968; além de contradições no campo socialista, que defendia um ideal de libertação enquanto mantinha regimes muitas vezes ditatoriais nos países onde estava inserido”, declarou.

Entre os acontecimentos que fizeram parte de 68 estão a Primavera de Praga na Tchecoslováquia, liderado por membros do Partido Comunista com o objetivo de acabar com os vestígios de autoritarismo do governo stalinista; “Ofensiva Tet”, movimento feito pelos vietcongs no Vietnã, contra a embaixada americana; ocupação de Universidades européias; criação do Ato Institucional número 5 (AI-5) no Brasil; assassinato de Martin Luther King e Robert Kennedy, candidato à presidência dos Estados Unidos, entre outros.

De acordo com o palestrante, a luta pela liberdade se manifestou de forma diferenciada. “Em países do primeiro mundo, almejava-se liberdades abstratas e elevadas, porque o básico já se tinha; no terceiro mundo, incluindo aí o Brasil, os estudantes lutavam por liberdades fundamentais como direito à expressão e no mundo socialista havia uma mistura dos dois”.

Ao tentar mostrar o que permaneceu de 68, o professor disse existirem perspectivas positivas e negativas, e defendeu a importância das transformações trazidas pelo ano: “1968 pode não ter sido uma revolução política, mas foi no âmbito cultural. Serviu para intensificar o movimento de emancipação feminina, na luta contra o machismo; houve ganhos no movimento dos negros e das minorias, exemplo disso é a candidatura de Barack Obama à presidência dos EUA. Mas a grande herança talvez seja o movimento ecológico. A preocupação que existe hoje com o aquecimento global e uso sustentável do meio ambiente servem de exemplo do surgimento de um movimento ecológico mais global”, concluiu Angelo Segrillo.