Quem costuma deixar a Cidade Universitária a partir das 16h30 já conhece o transtorno dos longos engarrafamentos. Eles são formados com a intensificação do fluxo de automóveis que se deslocam em direção às poucas saídas existentes no Fundão: uma para a Linha Amarela, próxima ao Centro de Pesquisas da Petrobrás (Cenpes); e outra para avenida Brasil e Linha Vermelha, na região do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF).
A boa notícia é que o Fundão deverá ganhar uma ponte como nova opção de saída para a Linha Vermelha. O objetivo é solucionar o problema dos congestionamentos, tendo em vista, também, a necessidade de se criar mais infra-estrutura de suporte ao aumento do fluxo de pessoas e veículos previsto para os próximos anos. Este projeto é fruto de uma parceria entre a UFRJ e o Governo do Estado do RJ.
O Governo do Estado incluiu a ponte no orçamento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para 2009. Ela irá beneficiar o pessoal que sai da ilha da Cidade Universitária, desafogando o nó que existe em frente ao Hospital Universitário. “Aquele trevo em frente ao Hospital é muito congestionado no fim da tarde, e espera-se que essa nova ponte desvie boa parte do tráfego que costuma ir para lá e, conseqüentemente, ajudará a desfazer esse nó”, afirma Francisco Lopes, professor do Programa de Engenharia Civil (PEC) da Coppe e integrante da equipe responsável pelo projeto.
Cerca de R$15 milhões serão investidos na obra, valor que pode variar de acordo com o traçado da ponte. Se todos os investimentos necessários acotecerem, o professor acredita que a construção deva durar, no máximo, um ano. “Essa obra não é muito complexa. Hoje em dia, estas pontes são feitas com pré-moldados (estruturas de concreto), então é relativamente rápido”, informa.
Alternativas do projeto
Atualmente, quem vai para o Centro, Tijuca, Zona Sul ou Niterói, por exemplo, precisa dar a volta pela saída do Hospital Universitário, ponto que recebe um número excessivo de automóveis nos horários de pico. A ponte virá justamente para desviar esse contingente e levá-lo diretamente à Linha Vermelha no sentido desejado, sem que seja necessário o motorista dar toda essa volta.
No projeto, há duas possibilidades de traçado para a ponte. Em ambas as opções, a idéia é que ela saia da lateral da quadra do Centro de Tecnologia (CT), no eixo que vem da Reitoria, e dali passe pelo Canal do Fundão, chegando à Linha Vermelha no sentido Centro. O modo pelo qual a ponte desemboca na via expressa é que ainda deve ser decidido: ou ela chega na altura da Vila do João ou na do Caju.
Segundo Francisco, por questões de segurança, provavelmente a segunda opção será a escolhida, já que engarrafamentos próximos à Vila do João deixariam os motoristas em condições mais vulneráveis.
Mais pessoas, mais transporte
A Engenharia de Transporte também vem estudando melhorias no transporte público (integração com metrô, sistema de ônibus) e a criação de novas opções para a comunidade acadêmica da UFRJ. Um exemplo é uma ligação aquaviária entre o Fundão e a Praça XV, além de transporte ferroviário da SuperVia, com um ramal para a Ilha do Governador, passando pelo aeroporto do Galeão.
Francisco acredita que o trem deve ser implantado até 2014, quando haverá a Copa do Mundo de Futebol no Brasil, pois consiste em uma importante ligação entre a Ilha e o Centro, ou seja, entre aeroportos (Galeão – Santos Dumont). “Ao mesmo tempo em que a gente coloca uma ponte que favorece os automóveis, queremos melhorar também o transporte público, não vamos apenas investir no automóvel”, ele ressalta.
O professor lembra que, com o programa de aumento de vagas do Plano de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni) até 2012, haverá mais estudantes circulando na universidade, o que demanda melhorias no sistema de transporte. No caso específico da Cidade Universitária, haverá ainda a inauguração do Cenpes II, que trará novos funcionários e mais automóveis para o Fundão.
De acordo com dados fornecidos pelo prefeito da Cidade Universitária, Hélio de Matos, 25 mil veículos circulam todos os dias no campus, levando 65 mil pessoas, dentre as quais a maioria utiliza transporte público. “Existe uma tendência em nosso país de crescimento de 35% ao ano, o que nos leva a apontar que, até o final deste ano, teremos aproximadamente 30 mil veículos”, informa Hélio, reforçando a necessidade de novas infra-estruturas de trânsito na UFRJ.
Velocidade
Um outro projeto futuro, que negocia patrocínio por fora, é a construção de um sistema de vias paralelo ao que existe hoje na Ilha da Cidade Universitária. O objetivo é quebrar a velocidade das principais avenidas internas do campus, que ligam a Reitoria ao CT e ao Hospital Universitário, além de figurar como mais uma forma de melhorar o tráfego.
Os automóveis serão orientados a circular por um anel viário externo ao campus, onde as velocidades serão maiores, e os eixos internos serão destinados ao transporte público, com velocidades mais baixas e menor fluxo.
– Quem quer velocidade vai optar pelos eixos externos. Os internos serão reservados principalmente para transporte coletivo, com preferência para pedestres nos cruzamentos – conclui Francisco.