Nesta terça-feira, 24 de junho, teve fim o ciclo de palestras “Petróleo no Cinema”, promovido pelo Instituto de Economia (IE) da UFRJ em parceria com a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e com a Agência Nacional de Cinema (Ancine). O filme “Ouro Negro” foi o escolhido para finalizar as atividades de debate sobre a atuação da indústria de óleo e gás e sobre suas conseqüências na sociedade.
Após a exibição da obra, foram convidados para compor a mesa de discussão a diretora do filme, Isa de Albuquerque, o assessor da diretoria da Ancine, Rodrigo Camargo, e o diretor da ANP, Haroldo Lima, além do mediador Luis Eduardo Dutra, chefe de Gabinete da presidência da Agência de Petróleo.
Isa iniciou sua apresentação explicando a trama do filme, que fala sobre o interesse de um pioneiro alemão e de seus descendentes em explorar petróleo no estado de Alagoas, e das mazelas que este universo trouxe. De acordo com a diretora, embora a narrativa seja uma ficção, ela é baseada em fatos reais, investigados em boletins policiais das primeiras décadas de 1900 e em relatos de parentes dos pioneiros pesquisados:
– O roteiro usa dados colhidos através de pesquisas e modifica algumas coisas, como nomes de pessoas e de instituições. Em relação às mortes dos personagens, por exemplo, nós não sabemos se eles cometeram suicídio ou se foram assassinados, porque não há provas. Mas nós assumimos a segunda hipótese para fazer o filme, com base nos relatos de familiares dos personagens.
Haroldo Lima ultrapassou as análises técnicas de Isa Albuquerque e falou a respeito da importância da obra para uma compreensão histórica dos fatos relacionados ao petróleo no país, desde as primeiras brigas de proprietários particulares pelo direito de explorar o “ouro negro”, até a estatização do produto com Getúlio Vargas e com a criação da Petrobras:
– Este filme trouxe à tona momentos da nossa história que não são conhecidos e que fazem falta à memória. Por exemplo, recentemente, em uma comemoração ao status do Brasil de auto-suficiente em petróleo, Lula foi à plataforma P-50 da Petrobras, colocou a mão no óleo e disse “o petróleo é nosso”. Esta performance foi uma alusão à atitude de Vargas na década de 30, quando o então presidente foi à Lobato, na Bahia, primeira área de exploração no país.
Após acentuar a importância de “Ouro Negro” para a sociedade, Haroldo Lima encerrou sua exposição ressaltando que a realidade de grandes plataformas produtoras no Brasil é decorrente do esforço de empreendedores como os mostrados na tela. Além disso, o diretor da ANP destacou o mérito de um filme que fala sobre o petróleo ter sido produzido no Brasil e por uma mulher.