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Memória

Fórum de Residência Médica Regional

 O II Congresso de Educação Médica da Regional Rio de Janeiro−Espírito Santo, está sendo realizado na UFRJ, teve início nessa quarta-feira, dia 18, e conta com uma vasta programação científica, como pré-congressos, painéis, oficinas e conferências ao longo dos quatro dias do evento. No primeiro, o II Fórum Estadual de Residência Médica do Rio de Janeiro integrou as atividades de abertura.

Segundo Rosane Goldwasser, da Coordenação de Atividades Educacionais (CAE) e coordenadora da residência médica do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF), durante o Fórum será discutido com toda a comunidade que coordena a residência médica no estado do Rio de Janeiro, uma resolução da comissão da residência médica, instituído em 2002, caracterizando algumas especialidades que requerem pré-requisito para poder cumprir o programa de residência. “Vamos então fazer uma análise sobre os reflexos dessa resolução nos últimos cinco anos” diz a professora, que destaca também a importância dessa discussão para a UFRJ.

− Dentro da Faculdade de Medicina da UFRJ, temos diversas áreas hospitalares, a maior delas é o Hospital Universitário Clementino Fraga Filho. Apenas lá, temos por volta de 300 residentes em treinamento. São médicos que se formaram e estão fazendo uma pós-graduação de 60 horas semanais, treinados por nossos preceptores, médicos e professores para ingressar no mercado de trabalho. Esses novos profissionais formados pela UFRJ estão, portanto, sob a ordem de resoluções como as discutidas nesse Fórum −-, aponta Rosane.

O Fórum Estadual de Residência Médica, organizado pela Comissão Estadual de Residência Médica (CEREME/RJ), sob o apoio do congresso da Associação Brasileira de Educação Médica (ABEM), abre a discussão com o homenageado do evento, José Carlos Souza Lima, psiquiatra e recém nomeado secretário executivo da Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM), por seu trabalho junto aos programas de residência médica.

O especialista inicia sua fala lembrando que o Fórum coincide com diversas comemorações importantes, como os 200 anos do Ensino médico no Brasil, os 30 anos de promulgação da Alma Ata, realizada na então União Soviética, estabelecendo os cuidados primários de saúde, e os 60 anos da residência médica no Brasil e sua regulamentação na década de 70 pelo Ministério da Educação, com a criação da Comissão Nacional de Residência Médica, que regula toda a disciplina no país. “A residência é a principal forma de especialização do profissional de medicina, a mais completa e a melhor estruturada, de acordo com conceitos em diversos outros países, não apenas no Brasil”, alega o professor.

Especialidade

Na discussão sobre os impasses e avanços relacionados à resolução que define alguns pré-requisitos para especialidades médicas, o  Fórum contou com Evandro Guimarães de Souza, assessor da CNRM, que explicou esses pré-requisitos: abrangem desde disciplinas obrigatórias e freqüência mínima a obrigatoriedade da clínica médica. No que concerne à clínica médica, havia o problema da falta de residentes para o segundo ano e, em muitos casos, o tempo de um ano era insuficiente, o que levou à obrigatoriedade de dois anos. Isso, no entanto, passou a prejudicar algumas especialidades, que começaram a ser menos procuradas. “Muitas especialidades podem ser aprofundadas num período menor de tempo. A obrigatoriedade do período de dois anos para a clínica médica, retarda a entrada do médico recém-formado no mercado de trabalho, o que pode levá-lo a optar por uma especialização latu sensu, em lugar da residência, ou até mesmo a outra especialidade, se as vantagens de determinada área não alcançarem suas expectativas, tanto em oportunidades quanto em renda”, explica o especialista.

− Estudos realizados nos Estados Unidos comprovam que quanto maior o rendimento possibilitado por determinada especialidade médica, maior a sua procura. No Brasil não é diferente. O mercado de trabalho influencia. É necessário ampliar as vagas e os incentivos, como bolsa auxílio, para as especialidades em residências pouco procuradas – aponta Evandro, ao que José Carlos completa: “é necessária a criação de programas fechados, com base em questões da sociedade, estabelecendo diretrizes de acordo com cada especialidade, relacionada, e otimizando, o que é necessário aprender ainda na graduação”, disse o psiquiatra.

Como exemplo de uma especialidade de baixa procura na residência médica, Marcos Eduardo Machado Paschoal, pneumologista do HUCFF, aponta as dificuldades encontradas no preenchimento de vagas em seu setor. “A pneumologia já apresentava um declínio anterior à legislação, que se acentuou. O tempo de duração é conflitante e, ao mesmo tempo, apresenta uma área de atuação restrita”, lembrando que, no caso da dita competição entre residência e cursos de especialização, o diploma do Ministério da Educação (MEC) dado a residentes apresenta o “padrão ouro”, segundo a legislação de 1981. “Apesar do peso maior dado até pouco tempo às especializações, não se pode esquecer que a residência apresenta uma carga horária anual de 2.880 horas de seus estudantes”, defende o professor.

As discussões sobre este e outros assuntos continuam até o dia 21 de junho, compondo as diversas atividades do II Congresso de Educação Médica da Regional RJ−ES. A programação completa pode ser conferida no site.