O Salão Nobre da Decania do Centro de Tecnologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (CT/UFRJ) deu lugar ao seminário comemorativo dos dez anos de atividades do Laboratório de Aplicações de Supercondutores, o LASUP. O evento desta sexta-feira, 30 de maio, também homenageou o idealizador e fundador do laboratório, o professor do Instituto de Física (IF/UFRJ) Roberto Nicolsky, que chega ao seu 70º aniversário.
O evento contou com a apresentação de quatro pequenos seminários, feitos pelos professores Rubens de Andrade Jr. e Richard M. Stephan, do Programa de Engenharia Elétrica do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa em Engenharia (PEE/COPPE); e Adir Moysés Luiz e Vitorvani Soares, do IF/UFRJ. Eles destacaram as realizações do LASUP desde sua criação, mostrando, também, a importância do trabalho de Nicolski, possuidor de expressiva produção acadêmica e coragem que o motivou a criar o laboratório.
– Dizem que eu tenho 70, mas ainda não provaram –. O bom humor do homenageado também perpassou as apresentações, que incluíram surpresas ao final dos slides projetados, como uma montagem do rosto de Nicolski no corpo do super-homem dos quadrinhos. Dentre as contribuições do “super-pesquisador”, destaca-se, por exemplo, seu trabalho de divulgação científica, que resultou na publicação de diversos artigos sobre patentes e em entrevistas para jornais.
Ao final do evento, Nicolski demonstrou gratidão a todos pela homenagem e ministrou uma conferência intitulada “LASUP e PROTEC: o mesmo DNA”, onde deu destaque a análises sobre Planejamento e Desenvolvimento (P&D). “A universidade, além de pesquisar, deve estar engajada com o desenvolvimento do país. Ela não pode deixar de contribuir com isso, é essencial que ela esteja comprometida junto ao setor produtivo, pois se complementam”, declarou o professor, que também falou a respeito de sua trajetória profissional e os desafios enfrentados ao longo da carreira.
Em um resumo do sentimento dos presentes no Salão Nobre do CT, Adir falou: “Gostaria de agradecer ao professor Roberto Nicolsky por ter despertado em mim o interesse e a curiosidade em diversas pesquisas sobre supercondutividade. Desejo a ele felicidades em crescimento exponencial e que, mesmo depois deste evento comemorativo, continue a colaborar com as pesquisas sobre supercondutividade e suas maravilhosas aplicações”.
Ao lembrar que um físico (Luiz Pinguelli) dirige a COPPE e que um engenheiro (Nelson Faria) dirige o Instituto de Física, Ericksson Almendra, professor e diretor da Escola Politécnica (POLI/UFRJ), defendeu a não separação entre estas duas áreas do conhecimento. Ele deu destaque aos ganhos positivos que podem vir da “cooperação, integração e derrubada de barreiras rumo ao êxito”. Além dos docentes citados, também compareceram à solenidade comemorativa Walter Issamu Suemitsu, decano do CT; e Jorge Luiz do Nascimento, chefe do DEE/COPPE.
LASUP e o trem-bala
Uma informação inédita foi levada ao evento por Stephan: no fim da manhã desta sexta-feira (30), o LASUP submeteu ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) um pedido de 5 milhões de reais para a construção de uma linha experimental com 114 metros de extensão do trem de levitação magnética na UFRJ, a ser instalado nos fundos do CT.
Se for aprovado, o pedido de verba virá do FUNTEC, o Fundo Tecnológico do banco. “Essa quantia significa quase nada, comparada a outros gastos”, avaliou o professor. Ele acredita na substituição da roda por veículos flutuantes: “a história indica que a quebra de paradigmas costuma ser benéfica”. Atualmente, o governo federal discute a
construção de um trem-bala para ligar São Paulo e Rio de Janeiro.
O LASUP é referência nos estudos com materiais supercondutores e suas aplicações no sistema elétrico e de transportes, o que inclui a pesquisa do trem de levitação magnética (Projeto MAGLEV). Em termos científicos, o objetivo do laboratório – fundado por Nicolski em 1998, com apoio do DEE – POLI/COPPE – UFRJ é realizar pesquisas científicas e experimentos com os supercondutores em sistemas elétricos, viabilizando inovações tecnológicas e avanços na produção de blocos supercondutores de alta temperatura crítica.