Em monólogo apresentado, no último dia 27, na Faculdade de Letras, Antônio Abujamra provocou o espectador em diversos momentos e criticou a falta de participação ativa dos estudantes de hoje. ">Em monólogo apresentado, no último dia 27, na Faculdade de Letras, Antônio Abujamra provocou o espectador em diversos momentos e criticou a falta de participação ativa dos estudantes de hoje. ">
Categorias
Memória

Antônio Abujamra provoca espectadores em monólogo apresentado na UFRJ

Em monólogo apresentado, no último dia 27, na Faculdade de Letras, Antônio Abujamra provocou o espectador em diversos momentos e criticou a falta de participação ativa dos estudantes de hoje.

   Assista à matéria da WebTV sobre o evento

A Faculdade de Letras realizou, no dia 27 de maio, o monólogo “A voz do Provocador”, criado e encenado por Antônio Abujamra, que apresenta o programa “Provocações” na TV Cultura e cujo modelo serviu de inspiração para a peça. Durante a encenação, o intérprete provocou o espectador em diversos momentos e criticou a falta de participação ativa dos estudantes de hoje.

Ronaldo Lima, diretor da unidade, iniciou o evento descrevendo alguns aspectos da vida de Abujamra. O espetáculo não fez uso de grandes recursos: uma mesa e um telão, onde foi mostrada, entre outras coisas, uma gravação feita pelo ator, relatando uma entrevista dada por Cristovam Buarque, ex-governador do Distrito Federal e atual senador, a respeito da internacionalização da Amazônia.

Durante o monólogo, o interprete citou autores como Berthold Brecht, contou momentos dos bastidores vividos durante os 57 anos de carreira e arrancou aplausos e risadas constantes do público. Ao lembrar a ditadura, enalteceu as diferenças entre as gerações que surgiram posteriormente. “A minha geração tinha coragem, não tínhamos medo de errar! O movimento de 68 massacrou a todos nós. Hoje, os jovens não lutam, não provocam. Provoquem-me! Eu não sou provocador, sou o provocado”, repetia ao longo do monólogo.

Antônio Abujamra nasceu no ano de 1932, em Ourinhos. Consagrou-se como ator, diretor e atualmente apresentador, sobretudo ao tratar de questões sociais a partir de seu humor crítico. Ganhou diversos prêmios, entre eles o Juscelino Kubistchek de Oliveira pela direção de "A Cantora Careca" de Eugène Ionesco em 1959, "Lifetime Achievement" no XI Festival Internacional de Teatro Hispânico em Miami, Estados Unidos, no ano de 1998 e melhor ator de TV ao interpretar Havengar na novela "Que rei sou eu?", de Cassiano Gabus Mendes, na TV Globo.

O evento fez parte das comemorações dos 40 anos de 1968. Alunos de variados cursos da Faculdade de Letras compareceram motivados pela curiosidade do tema e expectativa diante da atração. “Esse é um evento diferente, inovador, e isso despertou o interesse dos estudantes” -, opinou Andressa, aluna da Faculdade de letras.

– O teatro é extremamente importante em qualquer cultura. Infelizmente, no Brasil, nossa tradição teatral não é tão forte assim. Por isso nos empenhamos na vinda do Abujamra à Faculdade de Letras. A instituição tem um vínculo com a expressão teatral, assim como o tem com a poética, com a história e a filosofia. Para os alunos da letras, esse contato é importantíssimo. Em 1968, os jovens se manifestaram contra a opressão e se mostraram extremamente provocadores, por isso a escolha deste monólogo para nossas comemorações – justificou Ronaldo Lima.