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Memória

UFRJ na luta contra o tabaco

No dia 31 de maio, Dia Mundial Sem Tabaco, o mundo inteiro vai parar para refletir sobre a doença que mais faz vítimas. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), são registrados 5,4 milhões de óbitos ao ano relacionados ao fumo. 

Com o intuito de alertar a população para esse mal  especialistas de todo o mundo estãoá envolvidos nessa campanha. A UFRJ faz parte desse grupo diversificados dede pesquisadores de diversas áreas, motivada pela urgência de um controle do uso do tabaco, que mata cerca de cinco milhões de pessoas por ano.

Alberto Araújo, diretor do Núcleo de Estudos e Tratamento de Tabagismo (NETT/UFRJ), está em Brasília, preparando um relatório, em conjunto com 23 membros internacionais e nacionais. O grupo de especialistas foi solicitado pelo Governo Brasileiro à OMS/OPAS para avaliação da capacidade do estado brasileiro em responder às demandas da Convenção Quadro para o Controle do Tabaco, com políticas apropriadas aos diversos aspectos do tabagismo.

O relatório deve ser entregue ao Ministério da Saúde no dia 27 de maio, com os resultados da avaliação. “A missão está trabalhando full-time para preparar um relatório com o diagnóstico da situação e com proposições de recomendações em relação às diversas áreas de controle do tabaco, relacionadas à Convenção Quadro da qual o nosso país é signatário”, conta Alberto.

Entre os pontos levantados pela avaliação dos especialistas, muitos podem ser relacionados ao consumo por parte dos jovens, tema central do evento desse ano. Para Márcia Trotta, professora convidada do curso de Fonoaudiologia e integrante do NETT, o preço do produto é um fator importante para o controle do consumoa inibição de dos novos fumantes. “O Brasil tem um dos cigarros mais baratos do mundo. Se o preço é muito alto, é lógico que o jovem vai ser obrigado a pensar mais vezes antes de começar, pois com certeza vai pesar no seu orçamento”, analisa a professora.

Outro aspecto importante é a criação de uma disciplina específica de tabagismo para toda a área de saúde. Atualmente, apenas os cursos de Medicina e de Fonoaudiologia têm uma aula apenas em todo o curso. “A gente vai realmente montar uma disciplina eletiva para toda a área de saúde. A UFRJ pode ser um pólo difusor para as outras universidades públicas”, comenta Márcia.

A preocupação com os jovens é grande. Segundo Trotta, no Brasil, há crianças que começam a fumar a partir dos 5 anos de idade. Além disso, no mundo todo, cerca de 100 mil crianças começam a fumar diariamente. “Se nada for feito, a previsão de mortes para 2020 é de 10 milhões, de mortes por ano no mundo todo”, alerta a professora.

Na escola

Há dois anos, além do trabalho de cessação do NETT, que auxilia o paciente que deseja parar de fumar, os professores realizam um projeto na Escola Municipal Tenente João e Quartel de Bom Jesus, que fica dentro do campus universitário, no Fundão. “Montamos um trabalho de prevenção e desde o ano passado que vamos pra lá, trabalhando com alunos de 9 a 14 anos, que é onde a experimentação começa, normalmente”, conta Márcia Trotta.

Esse ano, a proposta é de levar um teatro, encenado pelas alunas envolvidas no projeto de extensão, para ajudar as crianças a refletirem sobre o perigo do cigarro. Além disso, as crianças serão estimuladas pelos professores a fazer algum tipo de trabalho de fixação, conforme explica Márcia Trotta, que coordena o projeto. O encontro deve acontecer no dia 28 de maio.

No hospital

Além do trabalho do dia 28, o grupo deve se reunir no dia 30 de maio, nas entradas do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho. “Na entrada de pacientes, vamos convidar os pacientes fumantes a dosar a quantidade de monóxido de carbono, fazendo uma avaliação do grau de dependência”, detalha a professora.

Para ela, é fundamental esse tipo de trabalho no Brasil, já que os estudos apontam que os países em desenvolvimento estão se configurando como importantes pólos para o tabagismo. “No mundo inteiro quem está fumando é classe D e E. Além disso, 80% das mortes por tabaco vão acontecer nos países em desenvolvimento, como o Brasil”, alerta a professora.