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Estacionamento da Praia Vermelha é reduzido

 A comunidade do campus da UFRJ da Praia Vermelha enfrenta hoje um problema que desafia as leis da física: muitos carros e poucas vagas para estacionar. E o problema tem um agravante. A Reitoria recebeu uma notificação do Ministério Público proibindo o estacionamento de carros em torno do Palácio Universitário, que é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Isso significará, quando implementada a proibiçãoo, uma redução de 17% no número já restrito de vagas.

– Essa determinação foi existe porque gases como o monóxido de carbono, emitidos pelos veículos, atacam as alvenarias do Palácio Universitário, provocando a degradação de seu material -, explica o prefeito da UFRJ, Hélio de Matos. Ele afirma que essa restriçãodiminuição já era para ter sido implantada e por isso é urgente aprovar uma política de vagas para a Praia Vermelha.

Para isso, foi feito um estudo sobre o estacionamento que será levado ao Conselho Superior de Coordenação Executiva da UFRJ (CSCE), formado por integrantes da Reitoria e decanos dos Centros, que é responsável pelo gerenciamento da Universidade. A medida efetiva mais próxima de implantação é a abertura do portão da rRua Lauro Müller. A proposta já foi encaminhada à Associação de Moradores da Lauro Müller e visa evitar o engarrafamento na avenida Venceslau Brás, onde fica o portão de entrada do estacionamento para alunos e funcionários. A fila de carros na entrada, provoca congestionamento na via de ligação entre Copacabana e o Aterro do Flamengo. E como não há vagas suficientes, é comum ver os carros estacionados em fila dupla.

Aluna do 7º período de Psicologia, Tatiana Cardoso reclama da espera diária. “Depois das 9 horas é muito difícil. Você tem que ficar numa fila monstruosa. Até meio dia, se você chegar com o carro, não pense na sua aula, pois você vai ter que esperar tranquilamente”, explica. Leonardo Moulin, aluno do 4° período de Publicidade, enfrenta o mesmo problema. “Já cheguei atrasado a muitas aulas que começam 9h20 por causa de trânsito na entrada”, afirma Leonardo, que costuma chegar mais cedo para conseguir uma vaga.

Para os professores, a situação é um pouco melhor. “Os professores não sofrem tanto quanto os alunos e funcionários, porque há uma entrada cativa para nós, na avenida Pasteur”, esclarece o professor Gabriel Collares, da Escola de Comunicação (ECO). Além disso, existem áreas exclusivas no campus para o estacionamento de professores.

Para Leonardo Moulin, essas vagas poderiam ser mais bem distribuídas. “A gente sempre vê dezenas de vagas de professores vazias. Acho que poderiam abrir uma das áreas exclusivas para professores para os alunos também. Então, o professor poderia dividir as vagas com os alunos”, sugere. O professor Gabriel Collares discorda. “O estacionamento dos professores está sempre cheio. Talvez não tão cheio quanto o dos alunos, mas é possível notar que tem dias na semana em que se encontram carros em fila dupla. Acho que ter um lugar cativo é importante. Claro que com um número de vagas muito menor do que o proporcionado aos alunos”, afirma o professor.

Apesar dos problemas, o estacionamento do campus é gratuito. Para ter acesso a ele, é necessário um cadastro, feito anualmente e a utilização de um adesivo, que custa R$10, para identificar o cadastro do usuário. Em 2008, ainda não foi feito cadastro, pois a Prefeitura Universitária está aguardando a definição da política que vai ser feita para o estacionamento, devido à redução de vagas. Como alternativa, há estacionamentos pagos no Instituto de Neurologia, que fica dentro do próprio campus, e em ruas próximas à universidade. Entretanto, a gratuidade é o grande atrativo do estacionamento, além da segurança.

Como há o limite geográfico que inviabiliza o aumento do número de vagas, a discussão se volta para quem teria direito a estacionar. O Chefe do Núcleo de Segurança da Praia Vermelha, Luiz Cláaudio da Silva, admite que essa é uma questão complicada. Já o professor Gabriel Collares acredita que o direito é de todos. “Tudo bem que o acesso ao campus da Praia Vermelha é restrito, mas ao mesmo tempo estamos em uma universidade pública. O mais justo é abrir a toda a comunidade, alunos de graduação e pós-graduação, funcionários, professores e visitantes”, ressalta. O prefeito garante que não há projetos de impedir o estacionamento dos alunos e que, se tiver que ser feita alguma restrição, será para os visitantes.

Uma medida vista como possível solução é o estímulo a meios alternativos de transporte. O prefeito Helio de Matos afirma que é necessária uma campanha educativa que estimule as pessoas a não irem deusarem automóvel, principalmente os moradores da zona Sul. “A Praia Vermelha é muito bem servida em termos de transporte público. Diversas linhas de ônibus param na avenida Venceslau Brás, além do metrô de Botafogo e sua integração para a Urca. Nós temos que sensibilizar a comunidade, estimular as pessoas que moram em Ipanema, Copacabana e Leblon a deixar os seus carros em casa”, explica.

Tatiana, que mora no Méier, na zona Norte da cidade, considera inviável utilizar outro meio de transporte para chegar à faculdade. “Os ônibus vêm muito cheios. Já perdi várias aulas no 1° período, quando eu não vinha de carro, porque eu passava mal no ônibus e tinha que voltar para casa. Além disso, corremos o risco de o ônibus quebrar no meio do caminho”, pondera a aluna, que diz que somente deixaria o carro em casa se a UFRJ disponibilizasse um ônibus para os alunos, como as linhas que existem hoje circulando na ilha da Cidade Universitária, no Fundão, e fazem ligação com a Praia Vermelha em determinados horários.

Entretanto, o prefeito Hélio de Matos afirma que é muito difícil realizar um projeto como esse. “Nós gastamos anualmente R$ 4,5 milhões com o transporte público no Fundão e as poucas linhas que cobrem a Praia Vermelha. Temos restrições orçamentárias. É impossível colocar ônibus para cobrir mesmo os bairros do entorno do campus”, afirma o prefeito. “Concordo que para quem mora na zona Norte e em outras regiões mais distantes, é mais complicado. Mas, os ônibus da zona Sul vêm vazios”, completa. Além disso, existem bicicletários no campus, embora alguns não estejam em bom estado de conservação.

Com o problema físico que impossibilita uma expansão do estacionamento, mais o agravante da iminente redução de vagas, é importante buscar soluções. O chefe de segurança Luiz Cláaudio da Silva propõe que haja uma mobilização de toda a comunidade da UFRJ. “Os alunos têm que se mobilizar, unir-se à coordenação, propor projetos. Temos que usar o nosso próprio conhecimento, como o que é desenvolvido nas faculdades de engenharia e arquitetura. E esse problema não é só da UFRJ, é da Secretaria de Transporte e outros órgãos públicos. É fruto de ficar parado no tempo. Poderíamos ter elevados, metrô na superfície e alternativas de transporte. Mas, agora precisamos buscar soluções. Todos nós queremos ter nossos carros aqui”, afirma.