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Pensando a arte contemporânea

O seminário “O que é arte contemporânea?”, organizado pelos professores André Parente e Katia Maciel, da Escola de Comunicação da UFRJ teve como primeiro convidado o artista André Sheik. A apresentação aconteceu nesta sexta feira, dia 9, das 13h às 14h40, no Salão Moniz Aragão, no Fórum de Ciência e Cultura.

De acordo com a professora Kátia Maciel, esse tipo de seminário é importante para que se perceba a continuidade dos trabalhos de um artista, e o que fica como traço particular do conjunto das obras. Segundo os organizadores, o seminário pretende concentrar-se em artistas que trabalham com vídeo, apesar de não se limitar a isso.

O artista convidado, André Sheik, apresentou seus trabalhos ilustrando alguns momentos de sua vida pessoal e profissional, os quais ele narra em pequenos trechos, que se intercalam aos vídeos.

Segundo André, sua principal atividade é observar o mundo e refletir sobre ele. Ele acredita que suas obras não têm a pretensão de estabelecer conceitos, ou mensagens. “Só realizo um trabalho, pra me livrar dele”, afirma, referindo-se à necessidade de expor suas percepções do cotidiano, para que essas idéias não fiquem martelando em sua cabeça. “No meu caso, fazer arte é uma doença”.

André Sheik diz que não se considera um artista, e quando perguntado sobre sua profissão, diz ser técnico de informática, uma de suas formações. Em 2000, André, que por 15 anos foi músico, parou de tocar e passou a trabalhar com computadores “para pagar as contas”.

Apesar de apresentar apenas seus vídeos, o trabalho do artista não se limita a isso. Ele acredita que o fato de também utilizar instalações, objetos, e pinturas dificulta uma “rotulação” de seus trabalhos. No entanto, vê essa rotulação como um problema para as pessoas, e não para ele.

Os vídeos de André Sheik provocam questionamentos, e permitem que se transite por diversas questões cotidianas percebidas por ele, mas que podem adquirir interpretações variadas. Ele busca valorizar outras perspectivas e ângulos, questionando a estabilidade. Em seus vídeos, os sons também adquirem um valor importante.

O artista enfatiza que não tem a pretensão de estabelecer um traço particular às suas obras, e que essa tarefa cabe aos críticos, especialistas, ou espectadores. “Penso, reflito, mas não quero fechá-las. O pior tombo é cair do alto de nossas convicções”.

Questionado ainda acerca do que seria a arte contemporânea, André Sheik se esquiva, e, apropriando-se de uma frase de Salvador Dali, é enfático: “A diferença entre mim e um louco, é que eu não sou louco”.

O seminário “O que é arte contemporânea?” segue com suas apresentações, sempre às sextas-feiras, 13h, no Salão Muniz Aragão, no Fórum de Ciência e Cultura (Avenida Pasteur, 250, Praia Vermelha.). A próxima apresentação acontece dia 16, com a presença da artista Simone Michelin.