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Hipotireiodismo Subclínico é tema de tese

A Sessão do Centro de Estudos do Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IPUB/UFRJ) apresentou nesta sexta-feira, dia 25 de abril, a palestra “Avaliação neuropsiquiátrica em pacientes com hipotireiodismo subclínico e efeito do tratamento com lerotiroxina”, que foi a tese de doutorado pela Faculdade de Medicina da UFRJ de Cloyra Almeida, psiquiatra do Instituto.

A pesquisa, orientada por Mário Vaisman, professor titular de endocrinologia da Faculdade de Medicina da UFRJ e chefe do serviço de Endocrinologia do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF), e Marco Antônio Brasil, professor do departamento de Psiquiatria e Medicina Legal da Faculdade de Medicina da UFRJ, apresenta uma metodologia inédita, premiada como melhor pesquisa na área de tireóide pela Associação de Tireóide Internacional e pelo Prêmio Brasileiro de Clinica Médica. A pesquisa estuda a prevalência de sintomas depressivos, ansiosos e os transtornos psiquiátricos em pacientes com hipotireiodismo subclínico, além de avaliar o efeito do tratamento com levotiroxina nesses sintomas.

Segundo Cloyra, o trabalho é baseado no estudo seccional que avalia alterações psiquiátricas e neuropsicológicas em pacientes com hipotireiodismo subclínico, comparando-o com um grupo eutireoidiano, provenientes dos ambulatórios do HUCFF. “O ensaio clínico é randomizado, controlado com placebo, para conferir se realmente o hipotireiodismo subclínico deve ou não ser tratado, que é a grande discussão”, explica a médica.

As avaliações iniciais para os pacientes que participaram da pesquisa são anamnese e exame físico, coleta de sangue para dosagens hormonais (TSH e T4L) e anticorpos ATPO e aplicações dos testes neuropsiquiátricos, de acordo com o procedimento descrito pela especialista. “Não puderam participar pacientes com doenças graves ou crônicas, hospitalizados, com o uso de remédios que afetam a função tireoidiana e com níveis de TSH superiores a 20 µUI/ml”, conta Cloyra Almeida.

– Os 67 participantes que concluíram o tratamento foram acompanhados durante um ano, sendo avaliados pela perspectiva clínica e psiquiátrica a cada três meses. Já a avaliação neuropsicológica foi realizada apenas em dois momentos: no início e final do tratamento. – explica a palestrante, lembrando ainda que os médicos avaliadores dos pacientes incluídos na pesquisa não tinham conhecimento daqueles que tomavam lerotiroxina ou placebo. “Ambos os comprimidos tinham características semelhantes de odor, tamanho e cor, sendo aprovados pelo controle de qualidade do laboratório que os fabricou”, atesta a médica.

– Avaliamos por fim que os pacientes com hipotireiodismo subclínico da nossa amostra são mais ansiosos que os pacientes que sem alteração da função tireoidiana. Existe uma tendência de um maior número de transtornos psiquiátricos nesse grupo, apesar de não termos encontrado significância estatística, devido ao pequeno número de amostras. Relacionado ao tratamento, quando se compararam o grupo com placebo ao grupo que usou a levotiroxina, as mudanças não se mostraram tão significativas – resume a pesquisadora, concluindo: “precisamos de amostras maiores, pois lidamos com perdas de seguimento, com pessoas que precisam interromper o tratamento. Com um maior número de participantes, provavelmente a teríamos uma maior significância estatística, sobretudo nas funções cognitivas”.