O Instituto de Química (IQ/UFRJ) realizou, na manhã do dia 4 de abril, a última palestra da XVI Semana de Química com o tema Planejamento Energético e Ambiental: A matriz energética brasileira no futuro, proferida por Roberto Schaeffer, professor do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe).
O evento, ocorrido no auditório do Centro de Tecnologia, teve início com uma definição sobre a importância da energia como um meio de atingirmos outros objetivos. Ela está presente em muitos aspectos da vida cotidiana: no combustível dos automóveis, nas cadeiras, nas roupas, entre outras coisas.
No entanto, as diversas formas de energia não atuam em uma nação de forma homogênea. No Brasil, o predomínio ainda é do petróleo e assim será por muitos anos. A polêmica envolvida nesse assunto diz respeito principalmente aos danos ambientais causados durante a retirada, refino e transporte do mesmo. Em segundo lugar está a hidroeletricidade, ou seja, a obtenção de eletricidade a partir da passagem de água numa máquina hidráulica.
O professor levantou ainda a questão dos gases liberados que contribuem para o efeito estufa. O setor energético é o principal responsável por essas emissões na maioria dos países. No entanto, no Brasil, os dados mais preocupantes dizem respeito ao desmatamento, que libera gás carbônico e metano.
– A maior parte da energia gasta é no setor industrial e de transportes. Este, essencialmente rodoviário, usa principalmente o diesel como combustível, enquanto que, em outros locais, o principal meio de veiculação é o trem. Isso, além de economizar energia, diminui as emissões de gases prejudicais ao efeito estufa. A tendência é a de que usemos cada vez mais combustíveis alternativos. Já estão sendo acrescentados 2% de biodiesel ao diesel – informou Roberto Schaeffer.
Segundo o professor, a matriz energética brasileira se caracteriza pela predominância dos recursos naturais renováveis, ou seja, aqueles substituídos na natureza depois de algum tempo da ação humana.
Roberto criticou a alegação que costuma ser feita em cima das causas do desmatamento. “A principal motivação, embora acusem a produção de energia, é a soja e o pasto, setores fortes da economia brasileira, sobretudo para exportação. Se por um lado, o crescimento do país representa melhorias como a geração de empregos, de outro, indica um aumento do uso de fontes energéticas”.
– É importante destacar que não existe energia cem por cento limpa, nem mesmo a solar, conhecida como não liberadora de poluentes, mas que utiliza a célula fotoelétrica para converter a luz do sol em energia elétrica e cujo processo de fabricação não pode ser considerado isento de emissões -, declara Roberto Schaeffer.
Um grave problema do Brasil é a falta de um nível de eficiência para eletrodomésticos e automóveis, ou seja, de limitações para o uso de energia.
– A indignação deveria ser com nós mesmos, sobre o que queremos do futuro e não apenas reclamarmos da situação atual, sem, no entanto, fazermos nada para alterar essa realidade – alerta o professor.
Durante a palestra, os alunos abordaram questões como o crescimento da China e o nível de desenvolvimento tecnológico do Brasil, que não avança como deveria.
Para encerrar, Roberto Schaeffer falou sobre as estimativas para o futuro quanto às emissões de gases na atmosfera, que tendem a ser ainda maiores no Brasil ao invés de reduzirem, o que coloca o país em uma situação desconfortável.
– A eficiência energética depende apenas de nós e de como usamos a energia. Se continuarmos agindo de maneira irresponsável, os problemas vão piorar – concluiu o professor.