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Aula inaugural do curso de Biblioteconomia

Foto: Agência UFRJ de Notícias 

 Calouros e veteranos assistem à palestra

O curso de Biblioteconomia e Gestão de Unidade de Informação da UFRJ inaugurou o seu ano letivo, na segunda-feira dia 3 de março. Na ocasião foi realizada uma palestra com o professor da Universidade Estadual Paulista (UNESP) José Augusto Chaves Guimarães. O tema tratado foi “A questão ética no âmbito da formação e atuação profissional em Biblioteconomia”. A organização do evento foi do diretor da Faculdade de Administração e Ciências Contábeis (FACC) Samuel Cogan e da coordenadora e professora do curso Mariza Russo.

Estavam presentes também Manuel Alcino Ribeiro, vice-decano do CCJE – Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas e o professor Paulo Roberto Falcão, diretor do Departamento de Administração. Todos ressaltaram aos calouros de 2008 a qualidade que a UFRJ oferece no curso de Biblioteconomia.

O professor José Augusto Guimarães iniciou sua palestra dizendo que ética deve ser discutida em todas as áreas. Logo após, explicou sobre a Ciência da Informação, utilizando-se de uma citação de Smit e Barreto “campo que se preocupa com os princípios e práticas de criação, organização e distribuição da informação”. Destacou também que a dimensão teórica deve estar sempre aliada a dimensão aplicada na carreira do profissional.

O palestrante pediu aos estudantes presentes que fizessem uma reflexão sobre a escolha da carreira de bibliotecário e o que a sociedade poderia esperar deles no futuro. Esses aspectos devem estar claros para o aluno, pois assim conseguirão se tornar um bom profissional de informação. José Augusto voltou a enfatizar que além dos conteúdos específicos deve-se desenvolver novas competências como a adaptabilidade, consciência da dimensão social, habilidade para solucionar problemas, entre outras. Se todas elas estiverem presentes no profissional, ele não correrá o risco de ser considerado um profissional alienado. Ainda de acordo com o professor, é importante que o aluno entenda que os conhecimentos transmitidos pelos professores são ferramentas e não regras, já que a realidade do futuro quando formado será diferente de hoje.

José Augusto disse que o conceito de ética acaba sendo esvaziado por sua utilização incorreta. Explicou que este conceito está relacionado com moral, porém existe diferença entre as duas. “Moral é circunstancial, ela é de uma sociedade em um determinado tempo e espaço. A ética é que vai perceber que existem diferentes morais e que cada uma tem sua lógica” esclareceu o professor. Explicou ainda os aspectos históricos da ética citando Aristóteles, que defendia que o ser humano tinha um objetivo intrínseco em suas ações, que era a busca da felicidade. Já na Idade Média essa busca passa a ser por Deus. O professor defendeu que Kant, filósofo alemão do século XVIII, trouxe uma nova visão para ética com os imperativos categóricos, que eram valores do passado e que dificilmente sofrem mudança ao longo do tempo.

Essa reflexão de quais valores permeia uma sociedade pode ser levado para o campo profissional. Os valores morais têm como objetivo uma atuação adequada do profissional dentro da sociedade em que está inserida, por isso a existência do código de ética. Nele estariam presentes os comportamentos que a sociedade aceita como corretos.

Segundo José Augusto a ética é tema de algumas literaturas nacionais e estrangeiras. Os livros abordam questões como a prática profissional, a difusão das informações como também a gestão de suas unidades. Outra questão é a relação entre a ética e as novas tecnologias que necessitam sempre de constantes debates.

Alguns fatores que interferem nas decisões éticas foram citados pelo professor. Entre eles estavam: a utilidade e responsabilidade social, a sobrevivência organizacional e profissional, respeito por si mesmo, pelos indivíduos e pelas instituições como também pelos padrões culturais presentes na sociedade.

José Augusto enfatizou que essa reflexão sobre ética profissional contribui para o surgimento de dilemas na vida do bibliotecário. Ele explicou que a neutralidade é um mito e as divergências entre empresa e profissional irão existir. Por isso, o bibliotecário deve pensar que todas suas decisões refletirão no seu perfil profissional, concluiu o professor.

Alguns problemas podem surgir ocasionados pela negação dos valores, como esclareceu o palestrante. Foram citadas as omissões, a literalidade na tradução, falta de clareza, deturpações e o proselitismo.

Ao final do evento, José Augusto pediu para todos os alunos presentes que retornassem aos questionamentos feitos no inicio da palestra, sobre o verdadeiro motivo de terem escolhido a biblioteconomia. Concluiu argumentando que a ética na Ciência da Informação é decorrente de uma reflexão ampla e lúcida dos valores encontrados na sociedade.