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Leitura e Escrita: Diálogos Multidisciplinares

 Aconteceu no Instituto de Psicologia (IP/UFRJ) nesta sexta feira, dia 28 de março, a jornada Leitura e Escrita: Diálogos Multidisciplinares, organizada pelo projeto Oficinas de Leitura e Escrita do Programa de Pós-graduação em Psicologia (NIPIAC) da UFRJ. O evento, que contou com a formação de duas plenárias – pela manhã, sobre consciência fonológica e linguagem escrita, e à tarde, sobre escrita e ortografia -, concretiza a proposta das Oficinas, que buscam compreender de modo multidisciplinar “a descrição da aquisição da leitura e da escrita ao longo do processo de aprendizado escolar, procurando o entendimento dos processos cognitivos relacionados ao conhecimento da língua escrita com destaque para as competências envolvidas na leitura e produção textual”, afirma a organização do evento.

A primeira palestra, proferida por Renata Mousinho, professora do Departamento de Fonoaudiologia da Faculdade de Medicina e pós-doutoranda pelo Instituto de Psicologia, ambos da UFRJ, trata das habilidades lingüístico-cognitivas em leitores e não-leitores, a partir de um trabalho desenvolvido em parceria com o Colégio de Aplicação da UFRJ (CAp). Segundo Mousinho, “A pesquisa avalia, em longo prazo, o desenvolvimento das crianças em leitura, escrita e outras habilidades cognitivas, comparando os resultados de crianças não-alfabetizadas com aquelas que já passaram por este aprendizado. Essa pesquisa tem uma implicação direta nas áreas da clínica de aprendizagem, como psicologia e fonoaudiologia, e na educação”, conta a especialista.

A memória de trabalho fonológica, de acordo com Renata, apresenta uma estreita ligação com a leitura, que favorece várias habilidades lingüísticas e cognitivas. “A memória de trabalho fonológica está relacionada com a seqüência de sons. Se a criança já aprendeu a ler e escrever, consegue visualizar melhor essa cadeia de sons que, quando colocadas na escrita, são representações gráficas. Essa experiência favorece as respostas nos testes de consciência fonológica”, explica.

A aprendizagem da escrita também favorece a eficiência de crianças em testes seqüenciais de cores, objetos, letras e números. “Os dois primeiros, mais fáceis de identificar, são aprendidos durante a interação espontânea do indivíduo, isto é, não precisa que outra pessoa explique especificamente, como acontece com a aprendizagem de letras e números. Entretanto, as crianças em geral não apresentam muitas dificuldades, chegando ao CA com total domínio dessas representações gráficas”, descreve a palestrante, que completa: “entretanto, crianças com dislexia, por exemplo, apresentam dificuldades também na identificação de cores e objetos, o que merece outro modo de análise”, ressalta Mousinho.

O evento também contou com a contribuição de Fernanda Ferreira, fonoaudióloga e mestranda pelo IP/UFRJ, sobre a consciência fonológica na representação da nasalização, e Christina Abreu Gomes, da Faculdade de Letras da UFRJ, sobre consciência fonológica na perspectiva da fonologia de uso, durante a Plenária I. No período da tarde, a Plenária II discutiu segmentações não convencionais na escrita, apresentada por Jane Correa, do IP/UFRJ; efeitos de um ensino que promove a tomada de consciência de princípios regulares de nossa ortografia, por Artur Morais, do Departamento de Psicologia e Orientação Educacional da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE); e a escrita dos adolescentes na internet, por Ana Lúcia Gomes, psicóloga e doutoranda pelo IP/UFRJ. As apresentações estarão em breve disponíveis no site: www.psicologia.ufrj.br/oficinasleituraescrita