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Filmes e debates marcam o início da programação cultural do Fórum

O Fórum de Ciência e Cultura (FCC) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) abre a programação cultural do ano com a exibição de uma série de filmes e com a promoção de debates ao final das sessões. Trata-se do “Fórum na Tela”, um programa organizado pelo FCC, em parceria com a Escola de Comunicação (ECO), com o objetivo de apresentar, à comunidade acadêmica e a todos os interessados, obras cinematográficas pouco conhecidas no Brasil.

Para dar início a temporada de 2008, o “Fórum na Tela” exibe, durante esta primeira semana letiva da UFRJ, filmes do diretor contemporâneo Bella Tarr, um dos representantes do cinema húngaro que completa cem anos. A Mostra, apresentada e coordenada pelo professor da ECO/UFRJ, Denílson Lopes, segue até o final desta semana, com exibição às 18h30, no Salão Muniz de Aragão, no Palácio Universitário – Campus da Praia Vermelha, Avenida Pasteur, 250, Urca. A entrada é franca.

Damnation
Nesta terça-feira, dia 4, foi projetado o longa metragem Damnation (Hungria, 1988), retratando a história de Karrer, um homem solitário e vazio, que muda o sentido de sua vida após conhecer uma cantora de bar pela qual se apaixona. Não é esta história comum, no entanto, que captura a atenção dos espectadores, de acordo com Consuelo Lins, documentarista e professora de cinema da UFRJ. Para ela, o diferencial da obra são o tempo mais lento e os planos mais longos:

– Tem fragmentos de história que decodificamos rapidamente, sem esforço, portanto, isso não faz diferença. Parece que a proposta do filme é, de fato, experimentar um tempo que vivemos; um tempo diferente do cinema comercial, da televisão. De certa maneira, nós vamos junto com a história -, opina a profesora.

Consuelo ressalta ainda que, alguns planos constituem uma experiência à parte de tal modo que poderiam ter sido retirados do filme e colocados em uma instalação, para serem observados como fotografias. Com ela, concorda Maurício Lissovsky, roteirista, historiador, fotógrafo e professor da ECO.

– Fiquei com a impressão de que o filme nascia primeiro como fotografia, depois como animação, com algum movimento e um diálogo colocado. Isso acentua a dimensão de enclausuramento, que é reforçada pelos poucos movimentos dos planos e pela imobilidade das personagens -, esclarece o roteirista.

Maurício também colocou em debate questões sobre a música, presente em todo o filme de forma peculiar: fragmentada no início e complexa ao final. O professor lembrou o fato curioso de a trilha sonora ser constituída por dois arranjos apenas, “que se repetem com uma falsa emenda”, de acordo com ele. “Fiquei impressionado com este uso, porque a Hungria é um país de grande riqueza musical e foi o primeiro do mundo a ter 100% da população sabendo ler notas musicais”, ponderou.

Para ter acesso à programação da Mostra Bella Tarr e das demais que acontecerão ao longo do mês no Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ, basta acessar www.forum.ufrj.br .