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Encontro no Hospital Universitário discute a dor e suas implicações

No dia 9 de Janeiro, foi realizada no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF) a primeira sessão científica de 2008, com o tema “Dor Aguda”. A palestra, apresentada pelo Dr.Peter Spiegel, fundador do Programa de Tratamento da Dor e Cuidados Paliativos do HUCFF e professor do Departamento de Medicina da UFRJ, tratou da importância do cuidado com a dor no tratamento dos pacientes e das dificuldades e medidas para a implantação da Clínica de Tratamento da Dor Aguda.

— A dor é, hoje, considerada uma complicação da patologia. Dela podem acarretar muitos problemas de ordem circulatória e respiratória, por exemplo, que são fatores de risco e desconforto para o paciente. Além disso, estende a sua estadia no hospital, o que acaba custando mais caro ao estabelecimento -, afirmou o professor.

De acordo com o doutor, praticamente qualquer paciente pode ter uma analgesia satisfatória e quando isso não ocorre, é porque a dose aplicada não foi suficiente ou o intervalo entre elas foi muito grande. Um dos trabalhos da Clínica proposta é diminuir ao máximo a dor que os enfermos têm de suportar, garantindo que as rotinas de remédios que atenuam a dor sejam eficazes.

Peter Spiegel lembra que a Clínica, basicamente, precisa de um médico e um enfermeiro exclusivos. “Eles devem se comunicar com suas colegas e ensinar os métodos”, declarou. Uma das principais funções dessa seção do Hospital é justamente o ensino constante das técnicas utilizadas, entre elas a medição do 5° sinal vital (a dor), que deve ser registrado a cada 4 horas pela enfermagem.

Na proposta apresentada, a enfermagem é responsável pela aplicação da rotina de medicamentos, indicados pelo médico da clínica. “Se o plano inicial não bastar, deve haver uma segunda opção com prescrição alternativa. Também são necessárias discussões diárias entre as enfermeiras e a enfermeira da clínica, que faz a volta em todas as enfermagens”, diz o especialista. Ele ainda destacou que todo esse trabalho perde importância se não forem organizadas reuniões semanais para discutir os resultados, devidamente registradas em atas.

A idéia original era que nessa reunião já se conversasse com a diretoria sobre medidas para a implantação da clínica, mas esta não pode comparecer. Mesmo assim, os presentes discutiram as propostas e problemas, como a falta de médicos e enfermeiros e problemas com o pagamento de remédios, que dificultam a implantação da Clinica, um serviço que mesmo em países desenvolvidos é raro encontrar.

— Os 30 anos do HUCFF, que também são um motivo de comemoração, significam o ‘boom’ da aposentadoria de muitos doutores. Tudo isso com pouca reposição através de concurso público, já que, embora recentemente um edital liberou vagas para funcionários de Universidades, poucas vagas serão abertas para o HUCFF. Isso só agrava o problema -, ressaltou Tereza Cristina, uma das médicas presentes.