Ao longo dos últimos oito meses, o Programa de Pós-graduação em Arquitetura (PROARQ) – integrado à Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da UFRJ – recolheu trabalhos focados no patrimônio e na cultura brasileiros, embasados nos modelos de urbanização e formações arquitetônicas. Como resultado, foi organizado o seminário “200 Anos: da chegada da Família Real Portuguesa ao Brasil; da abertura dos portos às nações amigas; e seus reflexos na arquitetura e no espaço brasileiro”, iniciado na terça-feira, 4 de dezembro, no salão Pedro Calmon do Palácio Universitário, com apoio do Forum de Ciência e Cultura (FCC).
O evento – organizado por Luiz Manoel Gazzaneo, professor no PROARQ – tem como objetivo refletir as mudanças provocadas no espaço brasileiro, desde 1808. À época, a nobreza portuguesa, fugindo da dominação napoleônica na Europa, pediu apoio da Inglaterra para cruzar o oceano e abrigar-se no Brasil. A partir deste momento, a colônia beneficia-se com ganho gradativo de autonomia e liberdade de expressão local, embora isso aconteça com forte influência dos costumes de sua metrópole – vestimentas, arte, decoração e urbanização.
A abertura do seminário, que se estenderá até o dia 7 de dezembro com palestras relativas as diversas influências de Portugal na dinâmica social brasileira, contou com a presença de Aloísio Teixeira, reitor da UFRJ e de Gustavo Rocha, diretor da FAU. Também foram convidados Cybelle de Ipanema, 1ª secretária da Diretoria do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), Antônio Almeida Lima, cônsul-geral de Portugal, além de D. Antônio João, príncipe de Orleans e Bragança, 3º na Ordem de Sucessão ao Trono e à Coroa do Brasil.
Aloísio enaltece a vinda da Família Real portuguesa como responsável pela criação da Faculdade de Medicina, em novembro de 1808, “célula embrionária do que atualmente é conhecida como UFRJ”. Lembrou, ainda, que o Palácio Universitário foi, primeiro, a idealização por D. João VI de um hospital psiquiátrico. Cybelle chamou a atenção para a criação da imprensa régia no Brasil após 1808, amplificando a difusão de informações e de tendências culturais. O príncipe, por sua vez, argumentou que a convivência dos brasileiros com a corte portuguesa colaborou para que o processo de independência em 1822 fosse pouco traumático. Por fim, o diretor da FAU discursou brevemente que comemorar é trazer o passado de volta ao presente. “Isso nos permite revisitar o trabalho ativo de brasileiros e portugueses nesses 200 anos em que foi inventado o Brasil tal como o vemos hoje”.
Após as palavras dos convidados, Luiz Manoel conduziu as pessoas presentes para uma visita guiada à Capela de São Pedro de Alcântara.