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Memória

Lula premia professor da UFRJ por pesquisa sobre biodiesel

 Foto: Raquel Nunes
 
 Professor Donato em seu laboratório

Donato Aranda, pesquisador da área de biodiesel da Universidade Federal do Rio de Janeiro, recebeu o título de Comendador da Ordem Nacional do Mérito Científico, que reconhece personalidades nacionais e estrangeiras de destaque nas áreas de Ciência e Tecnologia. A premiação foi concedida em novembro de 2006, mas o professor da Escola de Química (EQ) da UFRJ a recebeu outubro deste ano, pelas mãos do presidente Lula no Palácio do Planalto.

O trabalho de pesquisa é desenvolvido no Laboratório de Tecnologia Verde da UFRJ (GreenTec), que iniciou suas atividades na área de biodiesel com pioneirismo no Brasil, de acordo com Donato. “Quando nós começamos, ninguém acreditava nos biocombustíveis porque, em 1999, o preço do barril de petróleo estava na faixa de 18 dólares. Tinha muito petróleo e barato ainda”, lembra.

Além de produzir artigos científicos e de orientar teses de mestrado e doutorado, o GreenTec também gera retorno para a universidade: nos últimos cinco anos, o grupo depositou 14 patentes. Atualmente, a UFRJ está recebendo royalt por duas, ligadas a biodiesel de palma, sendo que há outras em negociação para serem também licenciadas.

– Temos parceira com inúmeras empresas, como Petrobras, Vale do Rio Doce, Aracruz Celulose; isso é muito bom, pois traz recursos para a universidade -, ressalta Donato, que ainda coloca a importância do trabalho para os estudantes: “Também é um estímulo para os alunos, que entram mais motivados porque vêem uma pesquisa aplicada realmente, e não algo que fica no papel e que vai parar em uma biblioteca”.

Biodiesel de segunda geração
Muito se fala a respeito de biocombustíveis no Brasil, sendo o álcool proveniente da cana de açúcar o tipo mais difundido. No entanto, é o biodiesel que ganha cada vez mais espaço como o promissor substituto do petróleo, cujo preço do barril atingiu o valor de U$ 96. Diante desta aposta, empresas têm investido na produção do novo combustível: há três anos, não havia nenhuma fábrica de biodiesel no país; hoje existem 42 que funcionam com a autorização da Agência Nacional do Petróleo (ANP).

Além de ser ambientalmente mais correto que os combustíveis fósseis – já que o biodiesel utiliza óleo vegetal (de girassol, amendoim, mamona, soja, palma, entre outros) como matéria prima -, ele é também um instrumento de inclusão social, visto que o governo dá incentivo fiscal às empresas que compram o óleo provindo de agricultura familiar.

Apesar do sucesso, em paralelo aos trabalhos com o biodiesel, o GreenTec investe em um novo biocombustível, que promete ser ainda mais revolucionário, limpo e economicamente viável. Trata-se do chamado biodiesel de segunda geração que, ao invés de se concentrar na extração de óleo vegetal, utiliza os resíduos da biomassa (como a palha, as folhas, as cascas das plantas), existentes em quantidade muito maior do que a parte mais nobre.

Para o futuro, fica a aposta da maior referência do Brasil no assunto: “Eu acho que daqui a cinco ou sete anos, haverá alternativas ao biodiesel de biocombustíveis mais baratos do que o convencional, que hoje usa o óleo como matéria prima. Tudo leva a crer que o biodiesel de segunda geração vai suplantar o biodiesel existente”, prevê Donato Aranda.