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Células-tronco embrionárias e o Prêmio Nobel de Medicina de 2007

Células-tronco embrionárias e o Prêmio Nobel de Medicina de 2007

Continuando o ciclo de conferências organizado pela Coordenação de Programas de Estudos Avançados da Universidade Federal do Rio de Janeiro (COPEA/UFRJ), no dia 23 de novembro, o especialista convidado foi Steven Rehen. Presidente da Sociedade Brasileira de Neurociências (SBNec) e integrado ao Departamento de Anatomia do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB/UFRJ), o pesquisador dissertou a respeito do tema “Células-tronco embrionárias e o Prêmio Nobel de Medicina de 2007”, no salão Pedro Calmon do Fórum de Ciência e Cultura (FCC/UFRJ).
 
A começar por uma breve homenagem aos ganhadores do Prêmio Nobel de Medicina de 2007, Steven ressaltou a importância das descobertas feitas por Mario Capecchi, Oliver Smithies e Martin J. Evans. Geneticistas, os três são responsáveis por avanços nos estudos acerca do processo “knockout” — com o qual é possível recombinar o DNA em mamíferos — e da capacidade inerente às células-tronco embrionárias de se transformarem nos mais diversos tipos celulares do corpo humano.
 
Em laboratório, os vencedores do prêmio aplicaram o “knockout” em camundongos. Ao capturar um pedaço de DNA exógeno e inseri-lo em um cromossomo presente nos roedores, houve alteração no funcionamento orgânico desses animais. “Quando eliminamos um gene, podemos observar exatamente qual era a função exercida por ele no corpo”, esclarece Steven. Ele exemplifica que, retirado o fragmento da estrutura genética que controla o desejo de comer de um camundongo, o mamífero em pouco tempo passou a sofrer com a obesidade. Em conhecer detalhadamente a causa de uma doença, fica mais fácil desenvolver uma cura.
 
De acordo com o palestrante, células-tronco podem auxiliar bastante na medicina regenerativa e eliminar alguns empecilhos enfrentados na realização de transplantes de órgãos e tecidos. Hoje, esses procedimentos são caros e os pacientes precisam enfrentar filas enormes para conseguir o órgão compatível. Um dos benefícios previstos com a manipulação das células-tronco é a possibilidade de realizar transplantes impossíveis atualmente, como o de cérebro.
 
Steven enumerou algumas distinções entre as células-tronco embrionárias e as adultas. As primeiras são pluripotentes, capazes de originar todos os tipos celulares do corpo, o que confere a elas um altíssimo potencial de aplicação terapêutica. As adultas são multipotentes, originando apenas alguns subtipos celulares específicos. Estas já são amplamente usadas no tratamento contra leucemia.
 
Um experimento realizado por um grupo cientistas foi em relação à formação de neurônios a partir de células-tronco embrionárias. Induziu-se uma lesão espinhal em um camundongo, simulando acidentes que tornariam uma pessoa paraplégica. Com a reprodução de neurônios provocada no roedor, em pouco tempo ele apresentou considerável melhora no movimento das patas traseiras. Está previsto para 2008 o início do primeiro teste clínico para lesões espinhais em humanos, na Califórnia.
 
A possibilidade de avanço no campo da medicina e os inúmeros benefícios que podem ser garantidos aos homens são encorajadores. Steven termina a palestra ressaltando a importância de aprofundar estudos relacionados à manipulação de células-tronco embrionárias e adultas, mas alerta para a necessidade de respeitar sempre os limites éticos que envolver esta questão.