Para dar continuidade ao ciclo de conferências a respeito da nanotecnologia, a COPEA, Coordenação de Programas de Estudos Avançados da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), convidou Osvaldo Novaes de Oliveira, professor no Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP) para falar sobre “Nanotecnologia e as máquinas do futuro”. O especialista apresentou o tema na quinta-feira, 18 de Outubro, no salão Pedro Calmon do Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ.
Osvaldo começou pela definição de nanociência, ou seja, o estudo de fenômenos e a manipulação de materiais na escala atômica molecular. Nanotecnologia desponta, assim, como a aplicação destes conhecimentos para melhorar as condições de tecnologias já existentes e para criar novas ferramentas. Este é o caso dos polímeros nanomateriais, cujo desenvolvimento depende de noções de controle da arquitetura molecular, lidando com distintas morfologias e filmes nanoestruturados.
A respeito destes últimos, o físico mencionou mais especificamente a técnica de Langmuir-Blodgett, que permite a organização precisa de moléculas em uma ou mais camadas. Filmes de Langmuir-Blodgett foram usados na construção da língua eletrônica, útil para o reconhecimento de alguns paladares, os sabores básicos. Considerando todas as propriedades desta máquina, a língua eletrônica chega a ser mil vezes mais sensível do que a língua humana, e é utilizada, por exemplo, na identificação de vinhos.
Em seguida, Osvaldo afirmou que o século XX deteve mais desenvolvimento tecnológico do que todos os outros somados, haja vista que somente aí foi decifrada a estrutura da matéria, permitindo acelerar as inovações científicas. O especialista enumerou as três principais máquinas do futuro. Primeiro, as nanomáquinas, que podem ainda ser bastante beneficiadas por um domínio mais amplo das propriedades estruturais em nanoescala. Isso significa, segundo o físico, ir além de simplesmente conhecer as peças de um todo e aprender a manipular as possibilidades combinatórias entre as partes. “É como o genoma. Na época, pensava-se que só em descobrir o código genético teríamos o segredo para a cura de diversas anomalias e doenças. Mais o código em si não adianta. A evolução virá quando compreendermos o mecanismo dinâmico dele”, argumentou Osvaldo.
A segunda máquina do futuro é o computador que, favorecido pela nanotecnologia, poderá ser miniaturizado, ganhar telas plásticas e memórias tridimensionais. “Espera-se que esta evolução chegue até o computador com formação quântica”, comenta o especialista. Porém, ele negou a possibilidade abordada em alguns filmes de ficção científica. “Criar um computador que fale, robôs que conversem, isso é muito mais complicado do que as pessoas imaginam, porque exige além do armazenamento de gramática, precisa da interpretação de sentenças, os sentidos figurados, o contexto de mundo”, explicou.
Como terceira máquina do futuro, Osvaldo mostrou a fotografia de um bebê: local de inter-relações nanoestruturais, relacionado com a matéria viva, contém informação genômica, e é composto de inúmeras nanomáquinas. Por fim, o especialista deixou o desafio para a ciência de compreender a dinâmica de funcionamento da mais complexa composição existente na Terra.