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Escola de Comunicação abre o I Seminário de Assessoria de Imprensa

O Núcleo de Imprensa da Escola de Comunicação – ECO/UFRJ realizou nessa segunda-feira, 1° de outubro, a abertura do I Seminário de Assessoria de Imprensa: a comunicação indispensável. O evento, que tem apoio do Fórum de Ciência e Cultura e patrocínio do Banco do Brasil, reuniu Ana Julião, profissional da empresa In Press Porter Novelli — Assessoria de Imprensa e Comunicação; Rodrigo Paiva, assessor de imprensa da Confederação Brasileira de Futebol – CBF; e o coordenador da mesa de abertura Gabriel Collares, professor de Assessoria de Imprensa da ECO, para debaterem o tema “Assessoria de Imprensa, a construção de uma imagem”.

Segundo Gabriel Collares, a temática surge em momento oportuno, tendo em vista o aumento do número de pessoas físicas que se preocupam com sua imagem. O professor ressaltou que a imagem, possui um valor intangível: “Nada adianta construir um patrimônio sem preservar a sua marca. A essência está em saber como trabalhar essa imagem com responsabilidade e, sobretudo, com ética”, afirmou o coordenador.

Ana Julião revelou que seu primeiro contato com a profissão em Comunicação ocorreu ao trabalhar como estagiária da área de Comunicação Coorporativa do Banco Nacional, com o objetivo de pagar a mensalidade da faculdade que cursava. Antes, a atual assessora da In Press trabalhou como repórter no Jornal do Commercio e na Folha de São Paulo, coincidentemente na área de economia. “Na minha geração, entrávamos na faculdade com uma vontade imensa de trabalhar em um jornal, na televisão ou em ser correspondente internacional. Mas apesar da variedade de atuação que uma redação oferece, nem sempre é assim”, observou Ana. Porém ela ainda crê que a Comunicação é a área mais versátil dentre outras profissões, e que, devido a isso, é fundamental para o repórter investir em uma especialização e aprimore seus conhecimentos nas diferentes habilidades.

A In Press Porter Novelli é ligada à Brodeur Worldwide do Grupo Omnicom, uma empresa multinacional de Relações Públicas especializada em Tecnologia e Telecomunicação: “As grandes empresas de Assessoria de Comunicação no Brasil têm associação com alguma empresa internacional, o que é muito importante para a evolução do mercado nacional”, declarou Ana. De acordo com a jornalista, as associações permitem que haja investimento contínuo da multinacional na empresa brasileira, além dos profissionais de diversas áreas que são enviados para esses braços representativos em diversos países, o que acelera o processo de aprimoramento e troca de experiências em escala global.
 
A questão da “comunicação sem fronteiras” está sendo vivenciada de maneira muito intensa através da Internet, de blogs, e-mails etc. Para Ana Julião, traduz-se em um grande desafio para as empresas de comunicação atuais, mas por outro lado abre uma grande vantagem para os profissionais que se formaram recentemente ou estão se formando: “Esta geração já nasceu em um novo espaço-tempo tecnológico e encontra-se habituada à virtualidade”, ressaltou. A assessora também comentou a produção de conteúdo maciça e indiscriminada que parte de praticamente todos que estão conectados em rede e destacou “é importante que esse fenômeno seja observado pelos profissionais de comunicação”. Segundo palestrante, o desafio está em como disseminar uma informação pela Internet de maneira crível e transparente: “Não podemos abrir mão de conhecer o público e de manter certo tipo de relação com ele, mas é fundamental que no dia a dia observemos novas formas de ouvir e de falar”, afirmou Ana Julião.

Já Rodrigo Paiva revelou que assessoria no futebol é muito difícil pois, apesar de ser um produto, como qualquer outra marca, meche com a emoção dos jogadores e torcedores, além dos demais componentes da comissão técnica. “No ano de 1995, o regresso do atacante Romário aos clubes do Brasil abriu muitas portas para a imprensa esportiva internacional”, declarou o assessor. Segundo ele, a relação com outras entidades estrangeiras aumentou notadamente, o que o impulsionou a perceber a dimensão da área de Comunicação.
Foi em 1999, que a CBF sentiu necessidade de contratar um assessor de imprensa para o jogador Ronaldo Nazário (Fenômeno) após o caso de ataque epilético na concentração da Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1998, e foi assim que Rodrigo Paiva se aproximou da confederação.

Como assessor de Ronaldo, Rodrigo planejou inúmeras campanhas sociais que envolvessem a imagem do cliente, que resultou, além da melhora nas estruturas de hopitais, creches e orfanatos através de doações pessoais do jogador, em uma extrema visibilidade positiva a respeito do atacante em escala mundial “como nunca havia sido visto”. Paiva chamou a atenção da Organização das Nações Unidas – ONU para atuar na realização de campanhas pela paz em territórios de guerra como África, Haiti entre outros, com o objetivo de evidenciar a causa.

Rodrigo Paiva somente foi contratado pela própria CBF em 2002 para trabalhar no departamento de comunicação da confederação: “Era uma sala com seis profissionais que se reuniam com representantes da CBF, os quais determinavam qual seria a pauta publicada, em uma espécie de monopólio”, declarou o assessor. Logo Paiva criou a Agência de Comunicação da CBF, que consiste em um site onde todas as informações da confederação são listadas para que os próprios profissionais de jornalismo elaborem as pautas.

Para Rodrigo, nenhuma área na comunicação tem tanto espaço como o futebol. Existem cerca de dez programas de esporte diários na TV aberta e quatro na TV por assinatura. “Fui delegado responsável por toda a área de comunicação da Copa do Mundo sediada no Brasil em 2014 e tenho o projeto de criar uma emissora da CBF por satélite”, concluiu Rodrigo Paiva.