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A química da vida

Foto: Marco Fernandes
  

Estudantes observam atentos explicação
da orientadora

Quem já teve a sensação de queimação no estômago sabe que este mal-estar passa após a ingestão de remédio adequado e após o arroto, mas não sabe o modo pelo qual o remédio atua em seu organismo, tampouco o motivo pelo qual libera o gás.

A explicação da melhora quase instantânea é dada por Elisa Lopes Fernandes, aluna do 8º período do curso de Licenciatura em Química da UFRJ e monitora do projeto Museu da Química do Instituto de Química (IQ/UFRJ).

– A ingestão do remédio, de composição química básica, neutraliza a acidez existente no estômago. Esta reação produz gás carbônico (CO2), liberado através do arroto, que acaba com o mal-estar – informa Elisa.

Em meio a tantas atividades e grande movimentação de pessoas, esta pausa para entender o funcionamento de um medicamento no organismo humano chama a atenção dos visitantes na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, que acontece até sábado (6) no Hangar da UFRJ, Cidade Universitária.

– Os visitantes, na maioria das vezes, não têm idéia da aplicação dos elementos químicos, eles só os conhecem na tabela periódica. A química, no entanto, está diretamente ligada ao nosso dia-a-dia -, afirma Elisa.

O Museu da Química montou stands no evento para atender, principalmente, a alunos do ensino médio e fundamental. O objetivo é mostrar que a melhoria de vida e o desenvolvimento da sociedade têm relação direta com a evolução das ciências e de seus aparatos.

Por este motivo, além das reações químicas, o projeto expõe equipamentos antigos e modernos e explica a evolução pela qual eles passaram. Os frascos de plástico, por exemplo, que vieram substituir os de vidro, têm menores chances de quebrar ao cair e oferecem maior segurança em seu manuseio, da mesma forma que o termômetro, que antes tinha abertura para a deposição do mercúrio (substância altamente tóxica) e expunha o usuário ao risco de contaminação.

Diversão e aprendizado

Visitando o evento anual pela terceira vez, José Vicente Martorana, professor de Física do Colégio Estadual Gomes Filho de Andrade, localizado na Penha, arrisca o palpite de que a Semana ajuda a definir tendências profissionais, afirmação que é confirmada pelo seu aluno Paulo Roberto de Oliveira, do 1º ano:

“Eu gosto muito de Química, e a exposição está reforçando minha idéia de fazer faculdade nesta área”, diz Paulo.

Para José, iniciativas como a da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia são fundamentais para os estudantes de escolas públicas principalmente, uma vez que eles não têm contato com laboratórios e pesquisas no ambiente escolar.

“Nas aulas de Física e Química, nós ficamos presos à teoria e dispomos pouco de prática. É como ter aulas de natação por correspondência: na hora de nadar, você pode morrer afogado”, atesta o professor, que ainda faz uma proposta:

“Seria interessante que esses projetos fossem às escolas, não apenas para divulgar o evento, mas também para mostrar o trabalho que a UFRJ desenvolve e enriquecer nossos alunos”.

Museu de Química da UFRJ

Projeto de Extensão da Universidade Federal do Rio de Janeiro, o Museu de Química da UFRJ surgiu há 10 anos, quando o Instituo de Química da universidade organizou uma comissão para retirar dos laboratórios os equipamentos antigos que não possuíam mais utilidade.

O professor Julio Carlos Afonso, um dos membros da comissão, resolveu organizar estas peças quando encontrou uma datada de 1876 com a assinatura de Dom Pedro II. Pela riqueza, os equipamentos serviram a exposições diversas, até que, em março de 2001, uma exposição específica inaugurou o Museu da Química Professor Athos da Silveira Ramos, da UFRJ.

Sob organização de Julio, do Departamento de Química Analítica do IQ/UFRJ, hoje o Museu conta com 34 mil objetos que atendem aos interesses de estudantes do ensino superior – em busca de história e fontes de pesquisas – e dos níveis médio e fundamental, “que têm a oportunidade de descobrir a química”, de acordo com o professor.

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