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E com a palavra, o Psicólogo

O trabalho, “E com a palavra, o Psicólogo: diálogos sobre a prisão”, apresentado na Jornada de Iniciação Científica pela estudante Isabela Nery Lima, teve como orientador Pedro Paulo Gastalho de Bicalho, mestre e doutor em Psicologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O objetivo era quebrar a visão estereotipada dos estudos da Psicopatia, ampliando uma análise dos sentimentos, do comportamento e do cotidiano dos prisioneiros no Brasil, promovendo um efetivo diálogo entre o observador e os observados. Isabela também julgou ser necessário sair da concepção geral da figura dos criminosos: jovens, pobres e negros.

– Quem são os presos? – foi uma das indagações que desenvolveu em sua pesquisa. Segundo ela, assim que entram na prisão, os condenados trocam a identidade anterior por uma forçada, em que precisam incorporar a figura de pessoa perigosa, que cause medo. São obrigados, pelo ambiente da prisão, a construir uma carreira criminal, absorvendo o perfil de delinqüente.

Cada um precisa desenvolver seu próprio mecanismo de sobrevivência, adaptando-se aos códigos de relação com outros prisioneiros e os carcereiros. Dadas as condições subumanas em que são colocados, é natural uma gradativa organização dos condenados de um sistema de forte solidariedade. Criam sua própria consciência política e disso surgem as diversas facções criminosas. As rebeliões que dominam alguns presídios de tempos em tempos são uma das formas mais explícitas encontradas por estes condenados a reagir contra o regime opressor.

Vale mencionar que essa opressão é fruto, em grande parte, do comportamento adotado na sociedade. De acordo com a estudante, o pensamento de ressociabilizar os criminosos, de forma que possam retornar ao convívio com outras pessoas em liberdade, morreu gradativamente. No lugar, ficou o sentimento de aceitação da morte desses transgressores. Aniquilar o mal da humanidade, como se nenhum prisioneiro tivesse a possibilidade de recuperação.   

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