Desde os anos 80, o vírus do HIV já destruiu muitas vidas. Ainda hoje, a AIDS gera muitos problemas e é temida por todos. Para discutir os projetos de prevenção da doença, professores e estudantes da saúde se reuniram na última quarta-feira, 5 de setembro, no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho. O professor Paulo Feijó Barroso, coordenador médico da Unidade de Avaliação de Vacinas anti-AIDS da UFRJ dirigiu a reunião.
Mesmo tão devastadora, a doença, hoje, já tem tratamento. A Terapia Anti-retroviral (TARV) — reconhecida pelo seu chamado comum, “coquetel” — inibe a reprodução do HIV no sangue. Contudo, para Paulo Barroso, é preciso lembrar os contras desse método. “A terapia anti-retroviral não é desprovida de efeitos colaterais, além de precisar ser continuada por toda a vida”, comenta o médico ao apontar dados de uma pesquisa, reveladores de que o aumento de mortes por eventos cardiovasculares é proporcional à exposição ao coquetel.
Há diversas formas de preparo da vacina. As primeiras tentativas de produção, segundo Paulo, baseavam-se na inoculação do vírus atenuado ou desativado. “Apesar de até hoje ouvirmos gente falar nisso, não se considera nos campos científicos uma possibilidade real, devido à capacidade de mutação do HIV”, avaliou o médico.
Dentre os tipos prováveis de vacinas anti-AIDS, a que seria mais eficaz ainda não existe de fato. A vacina de plasmídeos de DNA ainda está sendo desenvolvida e testada no projeto Praça Onze, em andamento no Hospital Escola São Francisco de Assis (HESFA) da UFRJ desde 1995, buscando a cura da AIDS.
No Brasil, estes estudos existem há muito tempo. Desde 1897, alguns produtos vacinais foram testados até as fases pré-clínicas e apontaram dados reveladores, como relatou Paulo Barroso: “Os resultados demonstraram que a vacina não apresentou efeitos colaterais graves. A notícia ruim é que nenhum dos protótipos apresentou nenhum grau de proteção”.
É longo o caminho da pesquisa e dos testes com as vacinas. É necessário passar por diversas etapas para provar a eficácia e a segurança do método, que começam com testes em animais até testes de eficácia em milhares de voluntários. Essa etapa é mais uma dificuldade a ser vencida. Paulo explicou que, para um estudo com cerca de 40 voluntários, são contatadas mais de duas mil pessoas.
Resultados
Em 2002, houve um primeiro estudo, em que macacos foram vacinados com o adeno-vírus – atualmente, é uma das principais opções dos pesquisadores – e apresentaram resultados positivos. O médico, contudo, ressaltou: “Estamos aprendendo que nem tudo que acontece com o macaco acontece com o homem.”
O sucesso dos testes está em considerar que os métodos interferiram na evolução da doença, por exemplo, diminuindo o tempo do consumo de anti-retrovirais. “Começamos a caminhar lentamente, de uma posição zero, alguns anos atrás, para alguma resposta, agora”, considerou o médico. Os estudos já integram projetos por todo o mundo em universidades e centros de pesquisas – entre eles está o Praça Onze.