
O lançamento contou com a presença do grupo de samba e choro Unha de Gato, que teve a missão de animar os cerca de 150 convidados. O livro já desponta como um sucesso de público, pois em pleno dia útil carioca, o bar se manteve movimentado por toda a noite, recebendo um público jovem que se misturava a adultos e idosos, todos atentos ao palco, onde clássicos e novidades da música eram tocados com habilidade e descontração.
O livro, 240 páginas, faz uma análise desse importante círculo de samba e choro de nosso país e mostra como a iniciativa privada está conseguindo a revitalização daquele espaço. Herschmann ressalta ainda o papel crucial da comunicação e da cultura para que o bairro possa voltar a respirar os velhos ares da boêmia.Observa-se que todo esse processo de “recuperação” de um patrimônio valioso como a Lapa, acaba por contribuir para o fortalecimento da indústria musical, além de propiciar um maior estímulo e investimento da cultura, não apenas do Rio de Janeiro, mas também no Brasil, já que tudo que acontece na Cidade Maravilhosa ecoa por todo território nacional, graças a sua posição de “geradora de fatos”, como afirma João Estevam, jornalista e apresentador do programa Cidade do Samba, da rádio Manchete (760 AM).
Gerando empregosSegundo João Estevam, que assina três sambas do G.R.E.S. Imperatriz Leopoldinense da década de 1990, à medida que são abertos novos espaços musicais, estimula-se cada vez mais o consumo da música como produto, fortalecendo, assim, a indústria fonográfica. Segundo o compositor, o “surgimento” de mais um point do samba acaba por gerar um número maior de empregos. “Há que se louvar a iniciativa de empregar músicos, que com a abertura de espaços como esses ganham locais para desempenharem suas atividades e obterem trabalhos, mesmo que temporários”, afirma Estevam.
Com o reflorescimento da Lapa, a população do Rio de Janeiro, que assiduamente freqüenta as suas casas de shows durante toda semana, passa a ter um maior contato com o trabalho realizado por jovens que, até pouco tempo, se mantinham a certa distância do samba, tido por uma considerável parcela da sociedade, como um estilo musical “antigo”. Para João Estevam, a recuperação de prestígio por parte da Lapa acaba por possibilitar “maior valorização das coisas feitas por gente nossa, vindas dos cantos de nossos subúrbios”.
O bom momento vivido pelo bairro, símbolo do samba, é ratificado com a publicação da obra de Micael Herschmann, que além de abordar essas questões, traz toda uma discussão mais profunda acerca do assunto.