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Encontro da Engenharia Elétrica discute “Energia e Meio Ambiente para o Brasil”

 O Centro de Tecnologia (CT/UFRJ) sediou nos dias 30 e 31 de agosto o IV Encontro de Estudantes de Engenharia Elétrica. O evento é realizado anualmente pelos alunos de graduação e chega a sua quarta edição com o tema “Energia e Meio Ambiente para o Brasil”. Os dois dias de encontro contaram com palestras e mesas-redondas, que discutiram a geração de energia e os padrões de consumo no país, assim como seus respectivos reflexos no meio ambiente.

A abertura oficial do evento ocorreu no auditório do Centro de Tecnologia e contou com a presença de grande parte dos alunos do curso de Engenharia Elétrica. Compunham a mesa de abertura o decano do Centro de Tecnologia, Walter Suemitsu; o engenheiro João Oliva, Presidente da Associação Brasileira de Engenheiros Elétricos; o Prof. Jorge Luiz, Chefe do Departamento de Engenharia Elétrica e Coordenador do Laboratório de Fontes Alternativas de Energia da COPPE/UFRJ; Sandoval Carneiro, professor titular da COPPE/UFRJ; e o Prof. Richard M. Stephan, Coordenador do Laboratório de Aplicações de Supercondutores da COPPE/UFRJ.

“Este evento é uma excelente oportunidade para se discutir não somente a engenharia elétrica, como toda engenharia voltada para o desenvolvimento econômico, ambiental e social. O tema deste ano não poderia ser mais adequado, pois a própria universidade tem problemas nessa área. Temos gastos de energia muito elevados e devemos pensar em eficiência energética também no âmbito da universidade”, disse Walter, decano do CT.

Energia renovável: o Brasil no caminho certo

A palestra de abertura foi ministrada pelo engenheiro Hamilton Moss, Coordenador do Centro de Referência para Energia Solar e Eólica (CRESESB/CEPEL), que ofereceu aos alunos um panorama bem geral acerca de todos os assuntos propostos pelo evento. Com o apoio de números estatísticos levantados pelo instituto, ressaltou a posição do Brasil no mundo entre os mais avançados em energia renovável. Segundo Hamilton, o mundo gera apenas 14% de sua energia através de fontes renováveis, enquanto o Brasil gera 45%.

Eficiência energética para o desenvolvimento econômico

A segunda palestra do dia foi ministrada pelo Prof. Roberto Schaeffer Ph.D, professor do Programa de Planejamento Energético da COPPE/UFRJ e membro do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), o órgão da ONU que monitora os impactos do aquecimento global e aponta alternativas para mitigação.

Roberto acredita que os problemas relacionados à energia em qualquer país são primeiramente dependentes de uma eficientização da geração e do consumo. Também afirma que o maior potencial da redução de gases do efeito estufa no mundo está no uso ineficiente que fazemos da energia.

“As economias do mundo estão crescendo muito. Há muito tempo não tínhamos uma década como esta, com altíssimas taxas de crescimento em boa parte das economias. Certamente, para mantermos o crescimento econômico teremos que dispor de mais energia. A questão é se essa energia será nova, ou se passaremos a usar a energia que temos de forma mais eficiente”, disse Roberto.

O professor explica que desenvolvimento econômico e crescimento econômico, ainda que usadas como sinônimos, são coisas distintas. O que na verdade se busca com a eficiência energética é um maior desenvolvimento, uma vez que este traz consigo um caráter qualitativo e não somente quantitativo. Para ele, não é preciso expandir a rede de  energia e sim eficientizá-la, mas admite que há diversos problemas envolvidos.

“O maior problema é o comercial. Empresas do setor sulco-alcooleiro poderiam facilmente investir em produção energética a partir do bagaço de cana e vender essa energia, mas para elas interessa mais investir na produção de álcool e açúcar, que geram um maior retorno financeiro”, exemplificou Schaeffer.

“A questão da informação também é um problema crítico. Quando se vai comprar um equipamento numa loja de eletrodomésticos, o vendedor na maioria das vezes não sabe instruir qual dos equipamentos é o mais eficiente. Programas de etiquetagem como o que começamos a instalar no Brasil com o Inmetro são importantíssimos, na medida que informam o consumidor sobre a eficiência energética de cada produto. O objetivo agora é expandir esse sistema para outros produtos. A Fiat, por exemplo, é favorável à etiquetagem em automóveis, mas a maioria das outras montadoras é contra, pois isso influiria diretamente como fator na compra de um automóvel”, continuou.

No período da tarde os palestrantes e professores encontraram-se mais uma vez para discutir o assunto em um mesa-redonda planejada pelos organizadores do encontro.