Há cerca de uma década, uma iniciativa de professores da Universidade Federal do Rio de Janeiro começava a escrever uma história de sucesso. O projeto de ter um centro de ressonância magnética nuclear (RMN) tornou-se realidade, com a inauguração do novo aparelho — o mais moderno da América Latina —, marcada para os dias 3, 4 e 5 de setembro, no Auditório Professor Rodolpho Paulo Rocco, no Centro de Ciências da Saúde, na UFRJ.">Há cerca de uma década, uma iniciativa de professores da Universidade Federal do Rio de Janeiro começava a escrever uma história de sucesso. O projeto de ter um centro de ressonância magnética nuclear (RMN) tornou-se realidade, com a inauguração do novo aparelho — o mais moderno da América Latina —, marcada para os dias 3, 4 e 5 de setembro, no Auditório Professor Rodolpho Paulo Rocco, no Centro de Ciências da Saúde, na UFRJ.">
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UFRJ inaugura centro de ressonância magnética

Há cerca de uma década, uma iniciativa de professores da Universidade Federal do Rio de Janeiro começava a escrever uma história de sucesso. O projeto de ter um centro de ressonância magnética nuclear (RMN) tornou-se realidade, com a inauguração do novo aparelho — o mais moderno da América Latina —, marcada para os dias 3, 4 e 5 de setembro, no Auditório Professor Rodolpho Paulo Rocco, no Centro de Ciências da Saúde, na UFRJ.

 Há cerca de uma década, uma iniciativa de professores da Universidade Federal do Rio de Janeiro começava a escrever uma história de sucesso. O projeto de ter um centro de ressonância magnética nuclear (RMN) tornou-se realidade, com a inauguração do novo aparelho — o mais moderno da América Latina —, marcada para os dias 3, 4 e 5 de setembro, no Auditório Professor Rodolpho Paulo Rocco, no Centro de Ciências da Saúde, na UFRJ.
— O projeto começou com uma iniciativa do professor Jerson Silva, hoje diretor do Centro Nacional de Ressonância Magnética Nuclear, em 1994. Foi uma iniciativa vencedora, que não existia no Brasil — relembra o professor Fábio C. L. Almeida, coordenador do CNRMN. Desde a compra dos primeiros aparelhos, o equipamento, que possibilita a determinação de estruturas como proteínas, tem sido útil para diversas pesquisas na UFRJ e para pesquisadores de outros países como a Argentina e o Chile.

No começo, as instalações para os aparelhos eram precárias. As máquinas, que precisam de condições especiais para um pleno funcionamento, estavam adaptadas em salas normais. Com a conquista de financiamento para o projeto, o grupo conseguiu a compra de um aparelho 800 MHz, hoje o único na América Latina e, para sua instalação, foi necessária a construção de uma sede, devidamente preparada. O local é o novo prédio anexo ao CCS. A construção teve apoio decisivo do então decano João Ferreira e do reitor Aloisio Teixeira.

As técnicas de ressonância magnética estão relacionadas a pesquisas de muita relevância para a ciência. “Um exemplo clássico de determinação de estrutura é a protease do HIV. É preciso conhecer a estrutura dessa proteína para elaborar os anti-virais”, explica a professora Débora Foguel, diretora do Instituto de Bioquímica Médica (IBqM/UFRJ), e que também fez parte do grupo pioneiro de biologia estrutural envolvido no projeto do Centro.

A professora ressalta a importância da aplicabilidade das técnicas de determinação de proteínas na indústria farmacêutica, contribuindo para avanços na ciência e na saúde. Muitas pesquisas estão em andamento, e ambos os professores estão otimistas. Segundo Fábio, com a inauguração da nova máquina a tendência é só expandir.

Dentre os estudos desenvolvidos por meio de ressonância magnética destacam-se as pesquisas com proteínas amiloidogênicas (que causam doenças como mal de Parkinson e o mal de Alzheimer), relacionadas à doença de Chagas e câncer. O centro é útil não apenas para a unidade, mas também para grupos e laboratórios associados. A demanda é muito grande e a chegada da nova tecnologia já tem destino certo.

Mas, se por um lado, a máquina traz facilidades e aumenta os recursos disponíveis para os pesquisadores, também traz com ela a necessidade de pessoal especializado. Segundo Fábio, existem diferenças da manipulação do novo equipamento para o antigo. São necessários cuidados especiais e, para isso, além dos cuidados no local, técnicos especializados são fundamentais.

— O que a gente sente de mais crítico é a falta de técnicos mais especializados para operar esse aparelho. Ainda estamos longe do ideal — afirma a professora Débora, que acredita que a contratação de técnicos poderia ser feita de uma maneira melhor: “é preciso mudar o perfil da contratação de técnicos. O técnico, hoje em dia, não pode ser uma pessoa generalista, que é selecionada para a universidade como um todo. É importante que as unidades façam parte do processo de escolha”. Os equipamentos são complexos e é necessário um conhecimento específico.

Esses obstáculos não impedem que os trabalhos prossigam, porém com esse incremento de pessoal, o andamento das pesquisas seria diferente. “Por se tratar de uma máquina, fazemos com que ela funcione, mas com técnicos especializados, teríamos uma máquina ‘lubrificada’, que funcionaria melhor”, explica Fábio.

A UFRJ já se destaca como referência na pesquisa científica, quando se trata de ressonância magnética nuclear. Os professores acreditam que, com a compra do novo aparelho, a repercussão será muito positiva para a Universidade e para o Brasil. O equipamento é o primeiro desse porte a ser instalado num país em desenvolvimento.

O workshop

Além da inauguração do novo aparelho, o evento, que dura três dias, é constituído de um workshop de ressonância magnética. A presença de Kurt Wüthrich, prêmio Nobel em 2002 e referência em RMN, está confirmada. “Será uma reunião muito especial, uma oportunidade única de fazer um encontro de alunos com expoentes internacionais da ciência”, comenta a professora, confiante no sucesso do evento.

Além disso, há um encontro do Instituto Milênio de Biologia Estrutural em Biomedicina e Biotecnologia (IMBEBB). “A ocasião será útil para reunir nomes da ciência e da biologia estrutural em geral, para apresentação de novos estudos e resultados na área”, afirma Fábio.

Com o workshop, a comunidade científica poderá também, segundo Fábio, perceber como a UFRJ cresceu e está crescendo. Para o professor, basta acertar os detalhes para fazer dar certo. Sempre otimista, a professora Débora conclui: “apesar das dificuldades, isso mostra que, se quisermos, pode dar certo. Se a gente acredita, podemos fazer as coisas darem certo no Brasil”.