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O homem elefante e o preconceito social

 

O primeiro filme do projeto “A saúde, a educação e o diferente”, sob a coordenação de Elizabeth Castro, do Forum de Ciência e Cultura da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) foi exibido ontem, 7 de agosto, no Salão Moniz de Aragão. “O homem elefante” foi um dos primeiros filmes do diretor David Lynch a fazer grande sucesso. Baseia-se na história real de um paciente na Inglaterra, Joseph Carey Merrick que sofria da chamada Síndrome de Proteu.

Esta doença é caracterizada por provocar, entre outras coisas, gigantismo parcial das mãos e dos pés, tumores subcutâneos, macrocefalia e diversas anomalias cranianas e viscerais. A aparência deformada de Joseph, retratado no filme no personagem Jonh Merrick, o condenou à exclusão social, sendo agredido e humilhado em um “circo de aberrações”. Apenas quando começou a ser tratado pelo médico-cirurgião Frederick Treves, o “homem elefante” começa a ser respeitado como um ser humano e revela uma personalidade educada, com uma inteligência provada acima da média.

Após a exibição do filme, Elizabeth abriu um debate com a psicanalista convidada Margarida Cavalcanti. Junto com a platéia presente, refletiram a questão da aparência física, o peso social que isso tem na aceitação dos indivíduos na sociedade. A maneira como a mídia, ao proliferar a imagem de corpos sempre belos, influencia a satisfação das pessoas consigo mesmas, incentivando uma busca crescente pela perfeição. Mulheres em dietas constantes, homens consumindo anabolizantes em excesso.

Foi comentada a responsabilidade midiática na formação de opiniões, seu poder de moldar, em maior ou menor grau, o desejo humano. Os impactos que novos cosméticos e métodos de intervenção — como as cirurgias plásticas e as aplicações de botóx — exercem na população, podendo criar um ciclo vicioso que altera o patamar de aceitação da própria imagem.

— A mulher aplica botóx e se acostuma com a pele repuxada, lisa. E as rugas naturais, as marcas mesmo sutis do envelhecimento vão se tornando cada vez mais repugnantes aos olhos dela. Não é difícil que ela se torne escrava da aparência — explica Margarida.