O XVIII Congresso da Associação Internacional de Literatura Comparada(AILC/ ICLA) é o primeiro na América Latina, acontecendo entre os dias 29 de julho a 4 de agosto nos salões do Forum de Ciência e Cultura da UFRJ. O evento deste ano aborda a temática Para além dos binarismos:  descontinuidade e deslocamentos em Literatura Comparada, fazendo também uma homenagem à atuação constante dos educadores brasileiros na área de Literatura Comparada e à crescente importância que o estudo tem adquirido no cenário acadêmico do país, desde a primeira metade do século XX.

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UFRJ sedia o XVIII Congresso Internacional de Literatura Comparada

O XVIII Congresso da Associação Internacional de Literatura Comparada(AILC/ ICLA) é o primeiro na América Latina, acontecendo entre os dias 29 de julho a 4 de agosto nos salões do Forum de Ciência e Cultura da UFRJ. O evento deste ano aborda a temática Para além dos binarismos:  descontinuidade e deslocamentos em Literatura Comparada, fazendo também uma homenagem à atuação constante dos educadores brasileiros na área de Literatura Comparada e à crescente importância que o estudo tem adquirido no cenário acadêmico do país, desde a primeira metade do século XX.

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O XVIII Congresso da Associação Internacional de Literatura Comparada(AILC/ ICLA) é o primeiro na América Latina, acontecendo entre os dias 29 de julho a 4 de agosto nos salões do Forum de Ciência e Cultura da UFRJ. O evento deste ano aborda a temática Para além dos binarismos:  descontinuidade e deslocamentos em Literatura Comparada, fazendo também uma homenagem à atuação constante dos educadores brasileiros na área de Literatura Comparada e à crescente importância que o estudo tem adquirido no cenário acadêmico do país, desde a primeira metade do século XX.

O evento teve seu início a partir das 16 horas de domingo, dia 29 de julho, com a inscrição dos participantes seguida de um coquetel de boas-vindas oferecido pelo comitê de organização do evento. A abertura do Congresso se deu na manhã desta segunda-feira, dia 30, contando com o coordenador do congresso, Eduardo de Faria Coutinho, com a presidente da Associação de Literatura Comparada, Dorothy Figueira, com o decano do Centro de Letras e Artes, Miguel Soares, e o diretor da Faculdade de letras, Ronaldo Lima Lins, para a cerimônia. A sessão foi marcada pela homenagem à professora Tânia Franco Carvalhal, presidente da AILC e professora emérita da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS), que faleceu em 2006, durante sua gestão.

Organização
Mônica Amim, assessora acadêmica do Centro de Estudos Afrânio Coutinho, e à frente da comunicação organizacional e executiva do Congresso da AILC, conta que a opção pela UFRJ para sediar o evento deve-se à sua maior tradição no estudo da Literatura Comparada entre as demais universidades do Brasil. O país, entretanto, já havia sido escolhido para sediar o evento desde o último encontro da Associação, em 2004. “Os preparativos começaram em dezembro de 2005, frente à dimensão do evento literário. O processo foi bastante longo, apesar do envolvimento de alguns alunos do curso de Letras na execução do projeto. A seleção desses monitores mostrou-se muito útil, pois todo o trabalho de infra-estrutura desenvolvido durante o ano passado, de organização e atualização dos Anais – publicações sobre os estudos feitos na área do comparatismo literário – além do auxílio prestado por eles no relacionamento com os congressistas estrangeiros, tem sido muito importante para o sucesso do evento”, destaca Mônica.

A organizadora também descreve a programação do evento, que vai até sábado, dia quatro de agosto. “Foi oferecido um coquetel no domingo à noite, e a abertura realizou-se na segunda-feira, pela manhã. No mesmo momento, foi feita uma homenagem à professora Tânia Carvalhal, um dos grandes nomes da Literatura Comparada na América Latina, falecida em 2006. Ainda no dia 30, no período da tarde, o professor Roberto Fernandes Retamar, presidente da Casa de las Américas e um dos maiores nomes da literatura comparada no mundo, ministra uma palestra aos congressistas convidados”, descreve Mônica.

Já Eduardo Coutinho destaca a organização do presente congresso em sete sessões: a oposição de permanências e transformações; o lugar dos discursos físicos e o papel do intelectual; os cruzamentos e contaminações próprios do comparatismo; as indagações sobre humano, inumano e pós-humano, na era em que estamos vivendo; a reconceituação da identidade como algo fluido e multifacetado; os novos sentidos de tradução; a questão do nacionalismo e da sexualidade, como instâncias possuídas de poder. “Essas sessões finalizam o contexto de realização do evento em escala local e continental, em sua dialética com o conceito de globalização. Destacamos também sua importância pelo envolvimento na Associação de mais de 500 especialistas de literatura comparada ou geral, das mais diversas partes do mundo, englobando os cinco continentes em cinco mesas redondas de acordo com o tema de seus trabalhos. A tudo isso se acrescenta 10 expressivas workshops, apresentadas por diversos membros da organização e tematicamente relacionadas às questões do simpósio”, completa.

O evento
Segundo Eduardo Coutinho, o XVIII Congresso da AILC é de grande importância para o meio acadêmico literário não só do Brasil, mas de toda a região Sul-Americana, por configurar o primeiro evento da Associação de Literatura Comparada na América Latina. “Este é um tributo ao trabalho que professores e pesquisadores da área têm realizado no país, pois, em 52 anos de existência da AILC, nunca havia ocorrido um fórum de debate sobre as tendências principais da literatura comparada em nosso continente”, esclarece o coordenador.

Coutinho explica que o Congresso ocorre a cada três anos, e já foi realizado em diferentes partes do mundo, como Canadá, Holanda, África do Sul e, mais recentemente, Hong Kong, em 2004. Além de já ter passado por diversos países, participam do evento professores e estudiosos de diversas instituições e nacionalidades, como The University of Hong Kong, Tel Aviv University, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Venice University, University of Sussex e Université Saint Etienne. “Toda essa dimensão que o Encontro de profissionais da Literatura Comparada assume contribui para uma troca de experiências enriquecedora. A idéia do evento, portanto, é o intercâmbio cultural e de conhecimento na área da literatura, a partir da discussão de novas tendências da disciplina e os rumos que ela vem tomando ao longo desses 52 anos”, define o estudioso.

Para a edição Latino-americana, o tema geral do Congresso, Para além dos binarismos, retoma o conceito de que é necessário ultrapassar certas fronteiras binárias que se estabeleceram entre diversas formas do conhecimento. Para Eduardo Coutinho, essas barreiras constroem figuras excludentes por sempre eliminar a figura do outro. “Levando em consideração todo esse aspecto, as circunstâncias atuais da literatura comparada se mostram à disciplina como um momento fundamental de ruptura e de reflexão sobre os novos rumos que ela vem tomando, influenciada também pelas correntes de pensamento mais recentes, em voga desde os anos 90, como a desconstrução, os estudos culturais, pós-coloniais e o próprio pós-modernismo”, acrescenta o especialista.

O tema
XVIII Congresso Internacional de Literatura Comparada pretende constituir um Fórum de debates, repensando o lugar do comparatismo no principio do século XXI, investigando os conflitos que a disciplina vem enfrentando, bem como os rumos tomados, entre as diversas formas de atuação e conhecimento.

Segundo Mônica Amim, o comparatismo surgiu como um movimento para se opor de certa maneira aos estudos fragmentados de literaturas nacionais. “O estudo tem como objetivo pensar questões amplas das obras literárias, abordando não apenas uma literatura nacional especificamente, mas estabelecendo um trânsito entre todas. Pode ter questões, por exemplo, a respeito da sexualidade, identidade, papel do intelectual, sendo que vários desses temas estão contemplados no Congresso”, enumera.

Para Eduardo Coutinho, a literatura comparada traz também, como marca fundamental desde sua constituição acadêmica, a noção da transversalidade, seja em relação às fronteiras das nações ou idiomas, seja no que concerne aos limites entre áreas do conhecimento. “Tal transversalidade, ao assegurar à disciplina um caráter de amplitude, confere-lhe ao mesmo tempo um sentido de inadequação à compartimentação do saber que dominou as instituições de ensino no ocidente a partir do iluminismo. E projeta a literatura comparada num terreno muito mais amplo, cujas fronteiras freqüentemente se gastam, tornando difícil qualquer delimitação”, afirma.

O coordenador então conclui, definindo o tema central do Congresso. “O resultado desse desgaste é que o esquema binário, que por longo tempo prevalecera no seio do comparatismo, foi reavaliado, e seu caráter excludente, substituído por uma visão de natureza intuitiva, vem buscando contemplar formas alternativas de expressão, reconhecendo suas diferenças”, finaliza.